sexta-feira, 1 de julho de 2011

Como os indígenas catequisaram os jesuítas

disponivel na AMAZON.COM livros de autoria de prof Msc Roberto da Silva Rocha Como os índios catequizaram os jesuítas Ensinar é trocar experiências. O professor deveria saber dos riscos que se expõe em sala de aula. A cultura é um fenômeno desconhecido e misterioso. A cultura não pode ser anulada, transferida, censurada ou ensinada. Cultura não desaparece, nem surge do nada. Ditadores sonham que um dia, uma vez, podem submeter um povo ao seu domínio através da subordinação cultural. Não tem sido assim na História da humanidade. O dominador é o dominado, e o dominado é o dominante. Assim, o capoeirista poderia ser preso praticando a sua arte marcial, antes da sociedade desistir de domá-la; mas, o Estado e a sociedade não assimilaram a lição. Perseguiram e estigmatizaram pela criminalização e pela exclusão social os primeiros sambistas, os cabeludos, os barbudos, os rockeiros, os hippies, a feijoada, o bikini, a minissaia, a guitarra-elétrica, os artistas populares, o forró, tudo, antes de virar "chique" e ser transformado pela fusão cultural. Este processo contínuo de transformação que termina na aceitação, não sem antes modificar os ingredientes da cultura insurgente modificando-a através de uma nova síntese, num processo dialético contínuo de reconstrução. A cultura é uma criação anônima e coletiva. É a ponta do iceberg de subculturas que vão se amalgamando econsolidando à medida que recebe reforços sociais construtivos e destrutivos, incentivos e discriminações. Nenhum professor sai ileso de uma sala de aula. É melhor não entrar nela quem pensa que vai ensinar alguma coisa aos seus discípulos. O professor e o aluno saem da sala de aula transformados, trocaram experiências sensitivas e cognitivas sem a consciência do processo lento e vigoroso. Ambos se transformam em novas pessoas. Jamais serão as mesmas. A engenharia social consiste em misturar as experiências de etnias e culturas para forjar o novo. Assim como a América não se transformou na Nova-Europa, com a migração dos britânicos e dos germânicos protestantes, uma nova civilização diferente ali se construiu. E assim vai se construindo uma nova civilização contra a vontade dos israelenses no Oriente médio, porque será inevitável que as duas culturas, ou as muitas culturas árabes, ocidental, judia, cristã, muçulmana, fenícia já estarão produzindo as suas variantes de novos islamismos, judaísmos, cristianismos sem que os seus protagonistas o percebam ou o desejem. Nós do Ocidente não percebemos o quanto o judaísmo nos marcou. Quando acordamos aos domingos e ao invés de irmos trabalhar ou irmos para a escola tudo pára: é o costume judaico que nos obriga a guardar e separar o dia de domingo. O costume da monogamia, a supervalorização do dogma da virgindade, e, assim, sem o percebemos foram introjetados no nosso modo de vida elementos culturais alienígenas, e mesclados, e transformados, alguns destes elementos vão parar nas nossas leis, outros não escritos, como guardar o domingo e a virgindade, mesmo não escritos têm enorme importância tanto ou mais do que as normas formais. Assim, o silvícola domou e domesticou o jesuíta, ensinou-o a gostar do fumo, de tomar banho, a amar e reverenciar a natureza, comer tomate, batata, mandioca, chocolate, o jesuíta que pensou estar interferindo ou destruindo a subcultura inferior não percebeu que foi contaminado por algo que julgava inferior e inútil.

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