terça-feira, 10 de janeiro de 2012

MONOGAMIA

disponivel na AMAZON.COM livros de autoria de prof Msc Roberto da Silva Rocha Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político

MONOGAMIA

Assim, a prática da monogamia tantas contradições tem trazido para o colo das pessoas que se vêm assustadas com a possibilidade de administrar duas famílias, e ter que violentar o sentimento de alguém tangido pelo desiderato da ordem social, e ter que abandonar uma das duas famílias sem querer nem ter motivos outros que não o ordenamento impositivo da sociedade.


Segundo a corrente da Antropologia seguida pelos estruturalistas, o objeto social humano é um artefato construído coletivamente com todas as contingências imanentes aos constrangimentos e formatações coletivas, mais precisamente, é o indivíduo socializado um artefato antropológico subordinado à arquitetura do grupo social no círculo mais includente que um indivíduo possa pertencer no limite de sua totalidade subjetiva e única. A isto se chama subcultura.

As diversidades subculturais das civilizações humanas, nos continentes, subcontinentes, nas diferentes eras e épocas históricas, dos diferentes grupos sociais humanos, das diferentes religiões, das etnias e subetnias, dos guetos urbanos e suburbanos, enfim das subdivisões mais multiculturalistas e heterogêneas todos possuem sua identidade institucional nem sempre desvendável, mas, enclausuradas no comportamento socialmente consentido, salvo as construções e desconstruções inerentes ao conflito irremediável e inelutável do novo contra o velho, ou do remake nostálgico que recria e repagina comportamentos pretéritos.

Certos comportamentos atávicos resistem em sofrer a inevitável mutação evolutiva no comportamento social, institucionalizando-se, e esta resistência vai enclausurando-se na sociedade e no limite se transforma em um quisto social, desenvolvendo-se como um câncer que na metástase da mudança interparadigmática inevitável tornar-se uma anomalia completa social se torna anacrônica, se refugiando nos guetos da resistência, se tornando resiliente e residual.

É nesse ponto que nada parece justificar a falta de ação social no sentido e direção da mudança. Este instante de perplexidade torna a visão da realidade turva e confusa. A saída parece cada vez mais iminente, mas bastante latente.

Mudanças sociais são traumáticas. Significa sair do conforto do conhecido das estruturas estabilizadas para cair em uma aventura no limite do novo, desconhecido, imprevisto da vanguarda.

Assim, sem que se faça a reflexão racional, lógica, histórica, psicológica, econômica, política, estatística, empírica, social, antropológica e prática o conforto da repetição nos deixa seguros contra os argumentos da mudança.

Contra a tradição a mudança urge, pois a realidade teima em ser uma violação constante, nem sempre contínua, insistente contra a prática social institucionalizada.

Papéis sociais são expectativas de comportamento da sociedade. Podem ser contraditórios, cooperativos, reforçados, criminalizados, reprimidos, reconstruídos, coercitivos, censurados, reprovados socialmente, mas fazem parte do estatuto de pertencimento aos grupos e classes sociais, onde o indivíduo multifiliado pode e deve pertencer a diversificados grupos simultaneamente, e ter de prestar lealdade a cada um dos grupos e classes sociais em função destes papéis sociais, muitas vezes ocultando conflitos pessoais e alterando o seu comportamento em função destas lealdades primárias.
Sociedades criam e deletam os papéis sociais.

Não se nasce masculino ou feminino, pai ou mãe. Monogamia não é imanente ao ser humano. Ninguém nasce monogâmico, ou poligâmico.

Os comportamentos são construídos no sistema político-social. Assim a sociedade formata o modo de ser com as expectativas de comportamento social para: a mãe, pai, filho, jovem, velho, solteiro, casado.

Ninguém nasce negro ou branco, os trejeitos masculinos ou femininos, negroides ou branquelos são resultantes de treinamentos sociais fornecidos pelos estatutos obrigatórios dos grupos sociais.

Quanto sofrimento se adiciona em uma relação múltipla que foi capaz de doar tanto amor e reparti-lo e ampliá-lo e replicá-lo, mas que por algum motivo perdido no tempo obriga pessoas a romper laços de carinho tão singelos e diferentes apenas em nome de uma norma social impositiva e vazia.

Quem disse que o nosso coração tem a pequenez de se abrir de forma unidirecional, apenas seguir e se condicionar às normas impositivas da sociedade?

O desenho familiar é ditado pelas circunstâncias decorrentes do devir, da fatalidade, da realidade imposta pelos fatos, assim vemos desfilar diante de nossa perplexidade grupos familiares uni familiares desde o solteiro que divide o seu lar com outro(s) solteiro(s), os solteiros que dividem o seu lar com um animal de estimação (gato, cachorro, passarinho, tartaruga, coelho), a mãe viúva com o seu filho, podendo se juntar a ela a avó ou o avô viúvos, o pai-mãe com o seu filho, a avó e o avô que cuidam do neto, dois irmãos que dividem o lar, os desenhos familiares já tiveram no passado da Casa-grande um desenho familiar mais complexo que incluía mesmo três ou mais gerações compartilhando o lar com todos os agregados familiares de genros, noras, camareiras, mucamas, escravas amas de leite, criados, cozinheiros, jardineiros, seguranças, motoristas, capatazes, e até parentes mais distantes, netos, até mesmo os filhos!

Não existem provas de que um coração não seja capaz de amar mais de uma vez ao mesmo tempo. Em outras eras, em outras culturas e em outras ocasiões a exceção se tornou a regra deste comportamento.

Derivando o comportamento imposto pela sociedade baseado na monogamia vieram: o ciúme, o ódio, a frustração, o sentimento de perda, a dor da perda de afeto, e a sentença final de quem é obrigado a se dividir entre o amor e a norma social.

Não seria a lei que imporia limites ao desejo, nem à paixão. Amamos aos nossos dois pais, amamos a todos os nossos filhos, amamos a todos os nossos amigos, amamos a um time inteiro de futebol, mas somos impedidos de amarmos a mais de um companheiro cônjuge.

De onde vem tanto desamor? Quem foi capaz de castrar o coração apaixonado e limitar nossa capacidade de ampliar o círculo de afeto?

Não existe limite para o ódio, por que haveria limite para o amor?

Em que a monogamia garantiria a estabilidade das estruturas do Estado e da família?

Quantos casamentos, namoros, noivados, amores foram desfeitos brutalmente enquanto os corações continuaram se amando um ao outro por causa desta regra da monogamia?

Até quando vamos continuar fingindo que a regra é maior do que todas as possibilidades de se amar?

Nenhuma lei ou regra no mundo conseguiu evitar que o ódio social e institucional separasse dois corações quando desejam se encontrar, seja entre um judeu e uma palestina, seja entre um sérvio e uma muçulmana, seja entre um comunista e uma liberal, seja entre um homem rico e uma jovem pobre, entre o capitalista e a sua faxineira.

O amor extrapola barreiras onde nenhum outro fato ou ato pode servir de argumento necessário e suficiente para determinar a sua autoextinção.

Existem infinitas formas de se amar, nenhuma delas pertence aos formalismos das equações dos terapeutas e conselheiros conjugais, amores gentis, amor fraternal, amor paternal, amor lascivo e luxuriante, amor egoísta, amor altruísta, amor comportado, amor secreto, amor comprado, amor doado, amor sofrido, amor inventado, amor impossível.

Assim vamos vivendo a nossa contravenção dia-a-dia, seguindo em nossa miséria sentimental com tanto sentimento deserdado.

P.s.: Segundo a Bíblia dos cristãos:


A poligamia começou não muito depois do desvio de Adão. A primeira menção dela na Bíblia refere-se a um descendente de Caim, Lameque, a respeito de quem ela diz: “[Ele] passou a tomar para si duas esposas.” (Gên 4:19)

O concubinato era praticado sob a lei patriarcal e sob o pacto da Lei. A concubina tinha uma situação legal; a posição dela não era uma questão de fornicação ou de adultério. Sob a Lei, se o filho primogênito dum homem fosse filho da sua concubina, era este filho quem receberia a herança de primogênito. — De 21:15-17.

O concubinato e a poligamia, sem dúvida, habilitaram os israelitas a aumentar numericamente com muito mais rapidez, e, assim, ao passo que Deus não estabeleceu esses arranjos, mas apenas os permitiu e regulou, eles cumpriram certo objetivo naquele tempo. (Êx 1:7) Até mesmo Jacó, que foi logrado a entrar em poligamia por seu sogro, foi abençoado em ter 12 filhos e algumas filhas de suas duas esposas e as criadas delas, as quais se tornaram concubinas de Jacó. — Gên 29:23-29; 46:7-25.

Enquanto Salomão permanecia fiel à adoração de Deus, ele prosperava. É evidente que seus provérbios foram proferidos e os livros de Eclesiastes e O Cântico de Salomão, bem como pelo menos um dos Salmos (Sal 127), foram escritos durante o seu período de serviço fiel a Deus. No entanto, Salomão começou a desconsiderar a lei de Deus Se Desviou da Justiça. Lemos: “E o próprio Rei Salomão amava muitas mulheres estrangeiras além da filha de Faraó, mulheres moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hititas, das nações de que Deus havia dito aos filhos de Israel: ‘Não deveis entrar no meio delas e elas mesmas não devem entrar no vosso meio; decerto inclinarão o vosso coração a seguir os seus deuses.’ Foi a elas que Salomão se apegou para as amar.

E ele veio a ter setecentas esposas, princesas, e trezentas concubinas; e suas esposas gradualmente lhe inclinaram o coração. E sucedeu, no tempo da velhice de Salomão, que as próprias esposas dele lhe haviam inclinado o coração para seguir outros deuses; e seu coração não se mostrou pleno para com Deus, seu Deus, como o coração de Davi, seu pai.

E Salomão começou a ir atrás de Astorete, deusa dos sidônios, e atrás de Milcom, a coisa repugnante dos amonitas. E Salomão começou a fazer o que era mau aos olhos de Deus e não seguiu plenamente a Deus como Davi, seu pai.

Foi então que Salomão passou a construir um alto a Quemós, a coisa repugnante de Moabe, no monte que estava defronte de Jerusalém, e a Moloque, a coisa repugnante dos filhos de Amom.

E foi assim que ele fez para todas as suas esposas estrangeiras que faziam fumaça sacrificial e ofereciam sacrifícios aos seus deuses.” — 1Rs 11:1-8.

Conclusão: Deus não estabeleceu esses arranjos, mas apenas os permitiu e regulou, eles cumpriram certo objetivo naquele tempo (Êx 1:7)

Se nós pensarmos, racionalmente, perguntaríamos: com quem se casaram os filhos de Adão e de Eva?

A resposta racional, e óbvia, inescapável é que os filhos de Adão e de Eva casaram-se entre si, e os seus netos casaram-se entre si, também como se pode concluir, muita endogamia ocorreu ali: primos com primas, irmãos entre si, possivelmente tios com sobrinhas, e outros arranjos possíveis e quase obrigatórios por total falta de alternativas para casamentos exógenos.

Como se vê, a Bíblia acabou provocando mais problemas do que respostas para a questão do casamento endogâmico, que é socialmente mais perverso do que a poligamia.

Os respeitosos teólogos tentaram colocar luzes sobre a questão moral da poligamia, mas como se vê, ao procurarem argumentos nas escrituras sagradas acabam nos levando a discussões muito mais comprometedoras no âmbito moral.

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