A
Felicidade
A vida
tem um propósito?
Os grandes filósofos gregos elegeram uma sequência de tentativas para restabelecer esta discussão talvez refazendo a pergunta, ou fazendo a pergunta certa:
O termo grego ataraxía, introduzido por Demócrito (c. 460-370 a.C.), significa tranquilidade da alma, ausência de perturbação. É um conceito fundamental das filosofias de epicuristas e dos céticos, e pode traduzir-se como imperturbabilidade, ausência de inquietação ou serenidade do espírito.
Os grandes filósofos gregos elegeram uma sequência de tentativas para restabelecer esta discussão talvez refazendo a pergunta, ou fazendo a pergunta certa:
O termo grego ataraxía, introduzido por Demócrito (c. 460-370 a.C.), significa tranquilidade da alma, ausência de perturbação. É um conceito fundamental das filosofias de epicuristas e dos céticos, e pode traduzir-se como imperturbabilidade, ausência de inquietação ou serenidade do espírito.
Ataraxia é a disposição do espírito que busca o equilíbrio
emocional mediante a diminuição da intensidade das paixões e dos desejos e o
fortalecimento das almas face às adversidades. A ataraxia caracteriza-se pela
tranquilidade sem perturbação, pela paz interior, pelo equilíbrio e moderação
na escolha dos prazeres sensíveis e espirituais.
A ataraxia está muito próxima da apatia proposta pelos estóicos,
na medida em que ambas caracterizam estados anímicos que contribuem para o
alcance da felicidade através da disciplina da vontade para moderar os desejos
e para aprender a aceitar os males voluntariamente. Ambas promovem a liberdade
face às paixões, aos desejos, às coações, às circunstâncias e, mesmo, ao
destino.
Distingue-se da apatia pela forma como promove a felicidade.
Enquanto esta procura eliminar as paixões e desejos, a ataraxia tenta criar
forças anímicas para enfrentar a dor e as adversidades. A ataraxia implica
saber aceitar as situações e conviver com elas, ponderando o sentido e a
utilidade dos prazeres e do que possivelmente magoa.
A ataraxia surge, muitas vezes, complementada pela aponia, que
se traduz por ausência de dor, ausência de esforço como sofrimento. Segundo
Epicuro, a felicidade alcança-se com a ataraxia, que proporciona um prazer
estável, e deve ser acompanhada pela aponia, ou seja, pela ausência de dor
física.
Esta praga ocidental dionisíaca introduzida pelo objetivo em si
mesmo representado pela da busca da felicidade através do caminho do menor
esforço possível, também chamada pelos utilitaristas de racionalismo
individual, tem lançado as pessoas desesperadamente em busca de atalhos para
esta alegria efêmera, que pode vir desde um gole de uma gelada cerveja, até o
sexo inconseqüente, e, no estado mais agudo, ao uso de crack ou outras drogas
mais sociais.
As pessoas elegeram, em nome destes princípios, que somente
estarão realizadas quando alcançarem a tal felicidade. Essa busca por algo que
nem sequer sabem se realmente o desejam, a felicidade, e que quando encontrá-la
não fazem perguntas para si mesmo se é isto que é importante para as suas
vidas.
Em primeiro lugar deveriam perguntar: para que serviria a
felicidade? Depois, a segunda e óbvia pergunta seria: se a felicidade seria em
si mesmo um fim para o seu projeto de vida. A terceira pergunta seria então: o
que seria de suas vidas depois de alcançar a felicidade.
Respondendo a estas perguntas os filósofos gregos criaram pelo
menos cinco variantes de escolas de pensamento filosófico para justificarem
cada uma destas possibilidades.
A questão moral (costumes), que é a Ética secular da praxis
social, foi derivada da tentativa de substituição à época dos filósofos gregos
desde 550 a. C., dos preceitos determinativos do comportamento social e pessoal
dados pela religião e pela tradição: tais preceitos doutrinários e dogmáticos.
Quando se tentou substituí-los (a religião e a tradição) pela
racionalidade filosófica, dando-se aos preceitos éticos as justificativas
lógicas e principiológicas para o comportamento considerado reto, socialmente
aceitável, baseados na razão instrumental.
Eliminar-se-iam o medo da punição eterna, da punição de
consciência, o medo da reprovação social baseada nos costumes tradicionais
intraduzíveis, místicos e míticos, pelas variantes racionalistas principais: a)
Ataraxia; b)Epicurismo; c) Ceticismo; d)Justiça; e) Estoicismo.
a) Ataraxia: é a busca da completa serenidade interior, pelo
abandono total das perturbações produzidas pelo desejo, através do abandono
total de todo desejo; é o desejo não realizado, não concretizado, que leva à
frustração. E o principal de todos os desejos é o desejo de felicidade. A
frustração levada às últimas consequências conduz à violência ou à apatia,
tornando o indivíduo antissocial.
b) Epicurismo: ou hedonismo, seria a busca utilitarista da
felicidade através do prazer, fazendo-se um balanço desta busca da felicidade
através da economia e escolha racional entre o prazer e o dever, entre o
sacrifício e o prazer, fugir da dor e do sacrifício desnecessário e
improducente, minimizando as expectativas de sofrimento e maximizando as
expectativas de prazer e de vantagens através do cálculo egoísta entre o dever
e o prazer, entre o custo e o benefício.
c) Ceticismo: seria a busca racional da verdade absoluta pelo
abandono de todas as idéias e noções préconcebidas e apriorísticas; buscar a
verdade livre de quaisquer condições preexistentes, epoché, imutáveis ou
indiscutíveis, insofismáveis. Tudo pode e deve ser questionado, examinado,
verificado, investigado, posto à prova, nada pode ser desprezado ou excluído da
censura e da dúvida.
Duvidar de conceitos e das verdades eternas e das afirmações
insofismáveis.
Tudo pode ser questionado, verificado, discutido e modificado.
Tudo deve ser testado, demonstrado e atestado. Somente pode ser verdadeiro
aquilo que sobreviver ao fato concreto. No limite, chega-se ao niilismo
Nietzcheriano: nada é nada, nada é tudo, e tudo é nada, não existem propósitos
nas ações e intenções humanas.
d) Justiça: a noção de justiça, representada pela balança,
indica que os nossos atos não podem exceder nem ficarem aquém da medida certa e
exata, nos momentos e lugares certos: sem excessos nem falhas, ou faltas. Sendo
justos estaremos sempre mantendo o equilíbrio da balança; nem bondade, nem
maldade; nem doar nem receber; nem retirar nem entregar nada que não seja
direito. Cumprir os deveres na estrita medida do necessário.
e) Estoicismo: é aquela corrente filosófica que ficou conhecida
por defender a importância do sacrifício pelo futuro, deixar de gastar hoje
para usufruir depois, pois nada se consegue de útil sem sacrifício, sem o
esforço devido. O sacrifício de agora, a poupança, a previdência, a prevenção,
abstinência é que podem prover e determinar o amanhã.
A vida sem coragem para fazer renúncias, para abrir mão do
imediatismo dionisíaco e das fantasias e dos sonhos acaba em arrependimento e
frustração; o planejamento, a obstinação, a frugalidade, a simplicidade e a
abnegação são os únicos caminhos para o sucesso.
Como se vê, não é fácil entender-se a questão do desejo humano.
A questão é mais antiga ainda quando se considerar que Ataraxia e o Estoicismo
foram contribuições epistêmicas legadas pelos orientais, chineses, indianos,
trazidas à cultura helênica antes da era dos filósofos, pelos grandes
aventureiros que saíram pelo Oriente em busca de novos conhecimentos. Estes
conhecimentos datavam de mais de dois milênios anteriores à cultura helênica.
O imediatismo e a ignorância audaciosos levam pessoas simplórias
intelectualmente a submeterem-se aos enganadores pseudos-guias espirituais, que
sem preparo moral submetem pessoas que sem respostas para as suas angústias e
premidas pelo desespero entregam-se ao que lhes parece ser a única solução
imediata, e a última saída em muitos casos se esgotados os recursos da medicina
e do sistema jurídico estatal.
A ausência de solução não implica necessariamente em qualquer
solução. É preciso ter a humildade para entender e aceitar esta fatalidade.
Diante da morte e da precariedade muitas pessoas aceitam
resignadas o seu destino. Outras justificam atos criminosos em nome do
desespero da ausência de alternativas.
O Estado deveria valorizar mais as pessoas que procuram fugir a
estas alternativas, e o que vemos é o contrário: o perdão do crime famélico, o
perdão dos menores delinqüentes, em lugar de valorizar aqueles que nas mesmas
condições preferiram as privações ao cometimento de atos antissociais.
A liberdade é uma prerrogativa dos irracionais, dos animais e da
natureza. O maior privilégio da razão e do ser humano dotado dela é poder se
autoconter, sublimar os seus impulsos animais e intrínsecos e se autodominar.
Isto é a verdadeira liberdade: a liberdade de não fazer o que lhe é facultado,
mas, não lhe convém.
O autocontrole explicita o lado racional e social dos grupos
humanos diferenciando-nos dos animais que apenas seguem aos seus instintos, sem
autocensura.
Sofrer faz parte da existência humana, nossos sentidos nos
despertam o prazer e a dor pelos mesmos mecanismos. Fugir de um deles em
detrimento do outro somente nos remete ao primarismo infantil por que ambos os
aspectos fazem parte do nosso sistema fisiológico.
Alguma coisa do nosso primitivo instinto reptiliano continua
latente apesar da evolução darwiniana, e teima em não evoluir, este instinto
aguça a nossa sexualidade, a nossa gula e o nosso medo da morte.
Os sentidos da educação, da socialização, da religião, da ética,
da moral, e da razão falhariam se a raça humana não conseguir domar os
instintos mais primitivos quais sejam: o sexo, a gula, a morte e o medo. Sem
isso não seremos humanos.
Apenas animais em evolução.
Apenas animais em evolução.
A
Liberdade
Na
natureza o conceito de liberdade, visto do alto da engenharia, é um caso de
inaplicabilidade total. Se recorrermos à famosa Teoria dos Sistemas Gerais de
Bertalanffy, veremos que o tal grau de liberdade absoluto termina em caos
total, por causa do princípio da entropia tomado emprestado da Termodinâmica,
ramo da Física que estuda as energias.
O princípio da Entropia nos diz, segundo a primeira lei da termodinâmica, que a energia uma vez criada (transformada - pois nada se cria no universo - da matéria) se não for formatada, se não for domada esta energia livre irá causar uma sinergia e uma sinestesia em algum lugar do universo, aumentando o grau de desordem, pois que os físicos são muito pessimistas com relação à espontaneidade da ordem natural no universo, por causa da lei da entropia eles acreditam que a única coisa que prospera espontaneamente no universo é a desordem.
O princípio da entropia choca-se frontalmente com o desejo dos ecologistas. A entropia deixa muito claro que o fim do universo, do multiverso, das múltiplas dimensões espaço-temporais possíveis e existentes é o caos, e não a ordem, não o cosmos Grego.
Se você tomar, ainda na engenharia, a roda do seu automóvel, vai verificar que ela somente é útil porque teve os seus graus diversos de liberdade totalmente limitados severamente.
Uma roda de automóvel possui muitos graus de liberdade, mas, somente alguns destes graus de liberdade podem nos ser úteis.
Para começar, uma roda pode:
a) girar para frente;
b) girar para trás;
c) girar à esquerda;
d) girar à direita;
e) subir;
f) descer;
g) oscilar para frente;
h) oscilar para trás;
i) oscilar para a lateral direita;
j) oscilar para a lateral esquerda;
k) cambar para a direita;
l) cambar para a esquerda;
m) girar no eixo longitudinal nos dois sentidos
n) fazer qualquer combinação dos casos anteriores, dois a dois, três a três, etc.;
Como se pode imaginar, quase que infinitos modos de movimento pode ter uma roda de automóvel.
Tal veículo seria um perigo total para si mesmo, e um perigo total para a segurança de trânsito: seria inviável como transporte.
Então, os engenheiros mecânicos de suspensão de automóvel limitaram severamente estes graus de liberdade da roda, ou seja, os engenheiros transformaram a roda-livre em roda cativa, escrava, limitada aos movimentos realmente úteis e previsíveis, controlados, limitados e administrados para se tornarem úteis como meio de transporte.
Com se pode depreender a liberdade é uma utopia do mais alto grau de periculosidade não somente porque ela destrói qualquer forma de organização baseada em subordinação a qualquer sistema organizado.
Para produzir a ordem e a organização são necessários dois insumos: Inteligência e controle. Para o controle se efetivar é necessário informação, e pela informação controles são acionados para corrigir através do feedback os desvios desorganizativos que podem ser destrutivos e desestruturantes para os sistema.
O princípio da Entropia nos diz, segundo a primeira lei da termodinâmica, que a energia uma vez criada (transformada - pois nada se cria no universo - da matéria) se não for formatada, se não for domada esta energia livre irá causar uma sinergia e uma sinestesia em algum lugar do universo, aumentando o grau de desordem, pois que os físicos são muito pessimistas com relação à espontaneidade da ordem natural no universo, por causa da lei da entropia eles acreditam que a única coisa que prospera espontaneamente no universo é a desordem.
O princípio da entropia choca-se frontalmente com o desejo dos ecologistas. A entropia deixa muito claro que o fim do universo, do multiverso, das múltiplas dimensões espaço-temporais possíveis e existentes é o caos, e não a ordem, não o cosmos Grego.
Se você tomar, ainda na engenharia, a roda do seu automóvel, vai verificar que ela somente é útil porque teve os seus graus diversos de liberdade totalmente limitados severamente.
Uma roda de automóvel possui muitos graus de liberdade, mas, somente alguns destes graus de liberdade podem nos ser úteis.
Para começar, uma roda pode:
a) girar para frente;
b) girar para trás;
c) girar à esquerda;
d) girar à direita;
e) subir;
f) descer;
g) oscilar para frente;
h) oscilar para trás;
i) oscilar para a lateral direita;
j) oscilar para a lateral esquerda;
k) cambar para a direita;
l) cambar para a esquerda;
m) girar no eixo longitudinal nos dois sentidos
n) fazer qualquer combinação dos casos anteriores, dois a dois, três a três, etc.;
Como se pode imaginar, quase que infinitos modos de movimento pode ter uma roda de automóvel.
Tal veículo seria um perigo total para si mesmo, e um perigo total para a segurança de trânsito: seria inviável como transporte.
Então, os engenheiros mecânicos de suspensão de automóvel limitaram severamente estes graus de liberdade da roda, ou seja, os engenheiros transformaram a roda-livre em roda cativa, escrava, limitada aos movimentos realmente úteis e previsíveis, controlados, limitados e administrados para se tornarem úteis como meio de transporte.
Com se pode depreender a liberdade é uma utopia do mais alto grau de periculosidade não somente porque ela destrói qualquer forma de organização baseada em subordinação a qualquer sistema organizado.
Para produzir a ordem e a organização são necessários dois insumos: Inteligência e controle. Para o controle se efetivar é necessário informação, e pela informação controles são acionados para corrigir através do feedback os desvios desorganizativos que podem ser destrutivos e desestruturantes para os sistema.
Portanto, vigilância e controle permanentes são necessários para
manter o sistema em sua integridade. Nada disso está assegurado com a liberdade
total, absoluta, pois para cada grau a mais de liberdade exigem-se muito mais
controles reduzindo estes graus de liberdade. Liberdade e controle andam em
lados e sentidos opostos. Liberdade e racionalidade coletiva vivem em
permanente conflito de racionalidade.
O ser humano não é capaz de, utilizando a sua racionalidade
individual, produzir coletivamente racionalidade social, seria lutar contra as
suas próprias expectativas individuais, pois ele seria incapaz de ver o bem
comum, este objeto virtual que pertence a todos e não pertence a ninguém
individualmente, logo, não traz vantagens pessoais para todos individualmente,
mas afeta a todos.
A racionalidade coletiva tem de ser imposta de cima para baixo,
ela não nasce espontaneamente nem de baixo para cima, nem do individual para o
coletivo.
Para isso, muitas decisões de liderança precisam ser
antipopulares e muitas vezes antidemocráticas, como, por exemplo, a vacinação
obrigatória, que no século passado, mereceu protestos de ninguém menos do que o
maior jurista do mundo, Rui Barbosa, que acusou o Estado de estar violando o
direito legítimo do cidadão de dispor de seu próprio corpo, contra o Estado,
mas, em nome do bem comum o Estado violou este princípio, porque o bem estar
coletivo se sobrepõe ao bem estar individual.
Ademais o indivíduo nunca pode saber exatamente o que é bom para
si, faltam informações em quantidade, faltam qualidade e capacidade de
interpretar estas informações, como, por exemplo, na escolha de um computador
pessoal, de um modelo de iphone, de um automóvel, de um remédio ou de uma profissão.
As escolhas que dependem desta racionalidade individual levam ao
irracional coletivo. A racionalidade coletiva depende da interferência do
gerenciamento político que se sobrepõe aos desejos imediatistas e
individualistas que são incapazes de perceberem os benefícios coletivos
advindos de uma outra possibilidade para além do que o seu horizonte pessoal
permitiria por si só sem contrariar a sua racionalidade individual. Seria um
contrasenso o indivíduo se sacrificar sem perceber de imediato as vantagens que
o seu sacrifício representaria para o todo, e consequentemente, para si. Poucos
abnegados são capazes de aceitarem este sacrifício.
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