Questão de gênero literário
O que é um gênero literário?
A tipologia de um gênero literário vai alem do canônico entre: poesia, crônica, dissertação, narração, romance, relatório, poema, fichamento, critica, reportagem, manchete, memorias, biografia, ficção, prosódia, letra de música, oração, canção, rimas, exaltação, hinos, cânticos, provérbios, hai kai, dito popular, script, roteiro, oitiva, peças, autos; se ampliou com as novas formas de arte, principalmente a arte nova cênica no cinema e video que geraram outros sub gêneros como: western, policial, aventura, drama, suspense, terror, ficção, romântico, novelas, ação, guerras, pornográfico, sensual, musical, religioso, jornalístico, historicista, documentário, entrevista, reality, show, clips, meta cinema, meta televisão, teleteatro, auditório, variedades, cientifico, educacional, infantil, jovem, desenho animado, animação, efeitos especiais, espionagem, esportes, competições, desafios, moda, científicos, concursos, gincanas, televendas, curiosidades, regionalismos, cursos, propaganda, culinária, artesanato, debates, politica, transmissões oficiais, e outras combinações destes tipos de gêneros mistos.
O que acontecerá com o nosso arqueólogo no futuro daqui a uns quinhentos anos o qual consiga recuperar todos, ou parcialmente, os nossos suportes atuais materiais e tecnológicos de mídias e tentar decifrar a nossa cultura a partir dos standards de gêneros de mídias?
Nesse momento seria de importância vital lembrar para quem ainda não sabe que nos primeiros momentos da criação do cinema quando das primeiras produções começarem a ser exibidas nos auditórios transformados em salas de cinemas, haviam, obrigatoriamente, dois profissionais importantes para que o filme exibido pudesse ser compreendido pela audiência no interior do cinema; como nos primórdios dos filmes não havia a gravação do som os filmes eram sem falas e sem a música, havia sempre um pianista fazendo a trilha sonora do filme tocando ali ao vivo dentro da sala do cinema enquanto o filme era exibido em todas as sessões de projeção de filmes.
O segundo profissional estava ali para narrar as marcações de cenas, onde ajudava ao espectador assistindo ao filme se situar espacialmente e temporalmente a cada corte de uma cena para outra cena no enredo do filme atuando como um roteirista, então a linguagem do cinema era nova, feita com cortes para adiante no tempo e para trás no tempo, com mudanças de lugares de cenários, tudo isso era informado para que o espectador não se perdesse nas mudanças rápidas de cortes porque se quebrava a sequência natural dos eventos da vida real e se abreviavam em muitos dias, anos, horas, as cenas que apareciam no filme; a cultura pré cinematográfica precisava incorporar e aprender a decifrar a linguagem visual do novo tipo de espetáculo visual, com seus truques de aparecimento, desaparecimento, continuidades e descontinuidades das narrativas; até hoje existem roteiros de filmes muito complexos em que o espectador precisa de um tempo para entender perfeitamente a concatenação das cenas, imagine na época em que essa linguagem visual estava sendo inventada!
A pergunta então é: saberão os nossos estudantes de arqueologia do futuro desvendar e distinguir todos os gêneros quando estudarem a nossa produção cultural, separando os gêneros, separando o que era verdade daquilo que era ficção; poderão saber distinguir num reality show o que era encenação, daquilo que era simples mentira, daquilo que era exagero, daquilo que era apenas um estratagema artificial, daquilo que era um espetáculo, daquilo que era fingimento, daquilo que era verdadeiro, daquilo que era o costume e não uma aberração de uma minoria de celebridades, daquilo que era apenas artístico, daquilo que era verdadeiro?
Como eles vão entender a nossa cultura, a nossa humanidade atual?
Da mesma forma quando interpretamos livros antigos como a coleção chamada de bíblia sagrada não temos os standards para pode saber o que eram os gêneros que estão ali misturados, o que era poesia, o que era simples mitologia, o que era fato histórico, o que eram os fatos cotidianos, o que era encenação, o que seria a narrativa épica, o que seria relato verdadeiro?