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A pandemia trouxe o fenômeno mundial do lock down, palavras novas no novo vocabulário descolado que significa ficar em casa quietinho, mas desconstruiu os mitos mais caros da bolha da lacração.
Ficar em casa se foi uma quase contrarrevolução feminista que obrigou as mulheres recém liberadas da cozinha, do fogão e da pia a retornarem e retomarem suas habilidades diante da realidade da ausência mulher empregada doméstica cozinheira e faxineira, liquidou de vez também com a lacração mais famosa de todas, "meu corpo minhas regras" pena que não inclui o debate sobre quem decide sobre o corpo do feto a ser abortado, que autonomiza essa decisão ao corpo que abriga o pedaço da carne incômoda, então perdemos uma oportunidade para incluir o desejo do feto de ser ejetado como uma massa sobrante, já que o macho foi excluído do dilema.
Que outros avanços mais trouxe para a reflexão da humanidade a pandemia?
A família reunida, a internet, o grande mito de que a internet substituiu as relações sociais presenciais, isolando o ser humano nas mídias sociais, ficou a descoberto a grande mentira de que não precisamos de contato físico nas relações sociais totalmente substituídas pela internet. Nunca sentimos tanta falta do bate papo no bar, no restaurante, na rua, até as igrejas nos fizeram falta, quanta gente sonhou em ir até a igreja e se arrependeu até de não gostar dos sermões e das missas intermináveis das pessoas hipócritas e de assistir ao desfile de vaidade e hipocrisia, nem sabia que as pessoas mais desagradáveis nos fariam tanta falta. E os alunos que faziam de tudo para não irem para a escola, aquele trabalho chato com o chefe insuportável e tirânico, o fiu fiu dos rabugentos e imundos peões da obra ao lado da rua que nos assediavam todos os dias com as suas cantadas sujas e politicamente erradas, quanta saudade da rua suja e cheia de camelôs tentando empurrar um monte de traquinas inúteis, o barulho dos ônibus cheios e a saudade da importunação sexual no esfrega dos ônibus lotados que falta faz agora, nunca mais vou reclamar de assédio.
Ninguém para ser estuprada, currada, roubada, assaltada, abusada, apalpada, encoxada, sarrada, enterrada, encovada, apertada, encaixada, roçada, arrochada, esfregada, encostada e bolinada no metrô lotado; leitura em braile com o pênis, apalpadela, tatear com a bengalada masculina nos vãos e recôncavos dos passageiros encurralados nos ônibus lotados, agora sem mais necessidade de refazer as pinturas dos cabelos e de sobrancelhas, sem depilação, sem maquilagem, sem ter para quem desfilar roupas atochada e atoladas em cada dobra do corpo para se exibir na melhor passarela de devassa do corpo feminino. Tudo inútil agora.
Como vão sobreviver toda a cadeira de suprimento de celulares furtados , desde o batedor, o vendedor e o especialista em destravar e desbloquear celulares sem os compradores e os fornecedores de celular roubado?
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