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Eu sou cientista político.
Somos de uma raça diferente dos economistas, nós os cientistas políticos e os economistas estudamos com afinco o comportamento do consumidor e a opinião pública.
Diferentemente dos economistas, os cientistas políticos não costumam brigar contra os fatos, uma coisa é a realidade, outra coisa é como as coisas deveriam ser num mundo racional.
Sociólogos como o pesquisador americano, Mancur Olson, escreveu a famosa obra "Lógica da Ação Coletiva", onde faz a cotação comparando a lógica do indivíduo com a lógica do sistema social, são duas coisas diversas e costumam ser opostas: a lógica de cada indivíduo, e, a somatória ou a agregação das lógicas individuais resultando num monstrengo chamado lógica coletiva que nada traz de sua composição das lógicas de cada membro do sistema social agregado, este é o ponto que separa os economistas dos politólogos.
Nós preferimos modelos como o de Shepsle ou Olson, já os economistas preferem o utilitarismo de Adam Smith.
Não sei se por ignorância por arrogância os economistas sempre tendem a pensar o consumidor como um indivíduo que sempre procura fazer as melhores escolhas, como pode o consumidor poder escolher entre 300 modelos e 1500 variantes de automóveis sem ajuda de um especialista em engenharia, em mercado automobilístico, em legislação municipal, estadual, federal de trânsito?
O consumidor nem faz ideia dos truques que os fabricantes vencedores do mercado fazem para fazer um automóvel campeão de vendas!
Vamos ao truque.
Volkswagem Tipo 1 Sedan mais conhecido como Fusca no Brasil, Vocho no México, Beetle nos EUA, Käfe na Alemanha, foi o automóvel mais vendido da história da indústria automobilística.
Quando o Fusca estava nos pré testes de lançamento na Alemanha em 1939 uma modificação determinou o sucesso ou o fracasso do modelo. Você sabe o que foi?
Muitos falam das qualidades mágicas e fantásticas alienígenas e até da provável beleza do fusquinha, mas, o que determinou o sucesso de vendas foi um pequeno detalhe no motor, na verdade no complemento do motor capaz de parecer ou transformar uma baratinha com um barulho de carinho de brinquedo com aquela ponteira única anterior de escapamento dos gases do motor colocando uma dupla ponteira e aquela baratinha começou a roncar como um trator enfezado. Um bezouro, como chama o seu apelido na América e na Tchéquia - Brouk, na antiga Tchecoslováquia - de onde foi inventado pelo engenheiro Ledwinka, e roubado pelo nazista Ferdinand Porsche.
Pra quem acha que esse detalhe é pouca coisa, então, vai aí: A Harley Davidson patenteou o ruído do escapamento das suas máquinas; A Ford investiu milhões de dólares na busca do som interno do motor sentido de dentro nas cabines das Ford 150 o veículo mais vendido nos EUA em 22 anos consecutivos; a Honda vende 85% das motos pequenas no Brasil e o que ela fez foi colocar uma corneta desproporcional de péssima estética saindo do motor, parecendo uma formiga carregando um caroço de manga, para produzir um ruído forte de moto muito mais poderosa.
Então onde está o comportamento inteligente do consumidor? A Honda vendeu 42000 motos em novembro e as outra marcas somadas venderam 3000 motos!
É claro que os especialistas vão sempre procurar as explicações usando equações diferenciais transcendentais, os psiquiatras e psicólogos vão construir experiências complexas, os especialistas em montar clínicas de pesquisa de pré lançamento do consumidor caríssimas que apuram os detalhes de preferências do consumidor vão se sentir enganados mas a verdade está além da imaginação.
Gente, estou quase escrevendo um livro sobre como ganhar as eleições, ou como conquistar qualquer pessoa... É tão fácil enganar os outros que dá dó..
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