quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Moda transgressora

Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político

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Se é moda não é transgressora. Segundo o antropólogo Marcel Mauss, a moda não é resultado de qualquer vontade pessoal nem de religião nem de ideossincrassias ideológicas.

Se é moda, é moda; então moda é uma norma social coercitiva, impositiva e obrigatória, pois que a moda é uma criação coletiva da sociedade, faz parte do contrato social.

Se a moda despe a mulher então é a moral da sociedade que mantém o nudismo acima de qualquer opção e alternativa pessoal de quem veste (se despe) na moda. Não existe moda imoral nem inconveniente. Toda moda é parte da cultura sem culpa.

A moda é a linguagem do corpo; o corpo é o objeto sobre o qual a linguagem da moda é impressa e manifesta. 

A linguagem possui sua gramática, metalinguagem e sua própria semântica, portanto para entender a moda é preciso entender toda a gramática da comunicação dos signos da moda que são propriedade intelectual da própria sociedade onde ela tem permissão para legalmente ser usada em toda a sua dimensão.

A moda comunica a ideia de seu tempo, então qual a mensagem do nosso tempo: com corpos sarados, bem esculpidos, roupas coladas se exibem antes de cobrir as partes mais escondidas do corpo, isso está nos comunicando que a moda atual é sensual e estamos vivendo o momento em que a sensualidade se expressa mais eloquentemente do que qualquer outro argumento para expressar a nossa ideia de mundo, tempo, sociedade e de relacionamento social, o que quer dizer então essa transborda de corpo sensual?

Então as últimas possibilidades de comunicação entre seres humanos ficaram resumidas ao aspecto sensual significa que os valores sociais e societais se prendem primariamente e axiologicamente ao valor estético numa sociedade fundada nesse aspecto onde a juventude e a precariedade da situação passageira e transitória da plasticidade física podem definir em última instância o valor de uma pessoa baseados apenas nas aparências e assim refazemos nossa escala de valores sociais baseados na virilidade e na sensualidade apenas, e secundariamente, na capacidade de se manter jovem e atraente.

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