segunda-feira, 29 de julho de 2024

Decifrando a cultura política dos USA

Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político

Decifrando a cultura política dos USA

Segundo o dicionário de política de Mateucci, Pasquali e Bobbio o sistema político dos USA consiste no conjunto de dinâmica que reúne elites que chamam de poliarquia formada pelas forças de grupos que influenciam e determinam o concerto de poderes que dirigem a nação americana como um piloto automático de uma aeronave.

Este concerto é formado pelos sistemas de grandes bancos, pelos capitalistas do setor petroleiro, pelo setor do complexo industrial militar, pelos capitalistas do sistema de produção cultural de artes musicais, cênicas e vilmes (vídeo e filmes), setor de serviços bancários este arranjo de forças se projeta nas duas maiores frentes partidárias nominadas pelos: Partido Republicano e Partido Democrático.

Dentro destes grupos estão quatro correntes de ideologias: os comunistas, que sobreviveram aos sistemas de comunas rurais desde que o May Flower desembarcou nas treze colônias, com as tendências das comunas de Paris e das experiências dos Falanastérios na Inglaterra dos pré socialistas Fourier, Rousseau, Fabian e misturavam protestantismo com comunidades de cooperativas rurais e sistemas comunitários e comunitaristas.

O outro grupo desenvolveu a área urbanizada dos grandes lagos, nas cidades como Nova York com a onda de imigrantes da Alemanha, Itália e Inglaterra, estes vieram com ideias capitalistas e criaram as empresas comanditas por ações nas bolsas de valores que viraram a febre de sonho americano de enriquecer com a especulação sem precisar trabalhar causando a crise de 1929 o auge da especulação e a loucura das bolhas financeiras; a primeira em 1929 que nunca será a última especulativa com muitos negócios desde o do petróleo, das ferrovias, das empresas de factoring e corretoras de papéis, bancos de investimentos, boom da indústria do aço e ferroviária e automobilística com a Ford Motors.

Então, os dois grandes partidos se fragmentaram internamente entre os quatro grupos nem sempre mutuamente excludentes, com composição de grupos: comunistas, capitalistas, soberanistas e globalistas.

Os comunistas são mais visíveis através de universidades de orientação humanitarista de tendência democrática liberal; os capitalistas se concentraram em empresas multinacionais que financiaram até empresas da ex URSS, os nazistas, e apostaram na transferência das indústrias de base para a China turn key, na esperança de que os chineses entrariam apenas com a mão de obra barata sem tecnologia nativa incapazes de fazer engenharia reversa; o resultado do inesperado com a surpresa da criação de tecnologia nativa e copiada superando seus criadores que acreditaram nas teorias de Wallerstein do sistema mundo com a divisão internacional do trabalho entre o centro e periferia no sistema globalizado.

Estes quatro grupos se digladiam e se enfrentam dentro e fora de cada partido e a cada período da política americana aparece como uma confusão de oportunismo e de moral utilitarista chamada de dupla moral mas na verdade o que sai de errante da política norte-americana é o rodízio dos grupos que eventualmente no poder que tentam impor ao outro grupo o seu projeto, e mesmo durante um mandato os grupos sabotam constantemente um ao outro, vez por outra acontece um homicídio através de assassinato de presidentes e de candidatos a presidente, senadores, chefes de partido, empresários, celebridades como consequência das disputas destes quatro grupos rivalizando o poder nos USA.

Talvez seja esta a maneira de sustentarem a unidade e a integridade nacional que impede os USA de se esfacelarem em nações menores porque os quatro grupos estão homogeneamente distribuídos pela sociedade e pela população norte-americana onde aparentemente as tensões parecem ser de outra natureza como: racial, cultural, econômica ou religiosa, que não são irrelevantes mas que escondem as diferenças que importam de fato que são destes quatro grupos que governam não importando quem esteja na suprema corte, ou no senado federal, na câmara dos representantes, na presidência do país, sempre o controle segue a resultante das tensões entre os quatro grupos, por isso o sistema eleitoral tende a diluir e concentrar o poder no sistema distrital majoritário que engole as diferenças e absorve a tendência majoritária daquele momento e estabelece um rodízio através de um acordo tácito intraelites políticas que comanda as eleições gerais.


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