quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

As Cotas

Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político


As Cotas



Abstraindo-se as justificativas alias todas justas, mais um capítulo da Constituição Federal de 1988 que começa pela igualdade formal citando que todos são iguais perante a Lei, mas para fazer a justiça precisou separar os desiguais para conceder acesso aos direitos equalizados destacaram privilégios para grupos e categorias sociais, etárias, sexuais, regionais e étnicas para que a perspectiva e a expectativa de direitos fosse compensada pelas diferenciações dadas aos indígenas, as mulheres, aos idosos, as crianças e adolescentes, aos negros, e para isso seccionou a sociedade para permitir que os costumes segregacionistas naturalizados pelas elites sociais, econômicas, étnicas e regionalistas enxergassem os demais nas mesmas condições para garantir o mesmo acesso aos postos formais no mercado laboral, nas escolas, hospitais e todos os serviços, pelo menos forçando o novo comportamento social dispensado e disponível para as elites.

A cegueira para as minorias acaba trazendo injustiças por suas imperfeições e não pela intenção, porque os efeitos colaterais não antecipados e não desejados pelos idealizadores das leis compensatórias não são suficiente e capazes de eliminar a deformação que produz no setor social ao permitir a troca de uma pessoa habilitada substituída pela vaga de um cotista, e isso seria sempre inevitável.

A cota perfeita deveria agir na consciência das pessoas da classe hegemônica chamada de elite, mas o nível de civilidade não permite a autocensura e a iniciativa na direção do altruísmo em lugar do egoísmo e consciência social, para isso o poder de coerção e de coação do sistema estatal cria os constrangimentos para que a igualdade formal seja perseguida.

A cota invisível custou aos países e a sociedade internacional um prejuízo de capital humano incalculável, que foi a cassação dos direitos políticos, do direito de trabalho, do direito semiótico de não apenas falar o que queria e acredita, mas usar símbolos, sinais, atitudes que não fossem alinhados como a ideologia de esquerda, então monopolizaram nas escolas, universidades, institutos de pesquisa, nas melhores academias, bloqueando nas bancas de pós graduação todos os temas que não se referendassem aos autores comunistas, a esse cerco ideológico e cultural nas academias da elite do círculo paradigmático referencial obrigatório de todas as teses científicas, das monografia, dos papers, desde os modelos de pensamento representados por Sérgio Buarque de Holanda, Fernando Henrique Cardoso, Roberto da Mata, Boris Fausto, a base bibliográfica do Ocidente foi surpreendida antes da queda do Muro de Berlim e da queda da URSS e da reforma da China aconteceu o inesperado surgimento do Raymond Aron como uma surpresa incomum inconveniente da parte da academia silenciada pela voz universal da inteligência esquerdista deixando o mundo perplexo pela ousadia.

Os intelectuais de direita foram cassados e silenciados, perseguidos, demitidos, humilhados, assim a cota dos intelectuais de esquerda era de cem por cento durante quase um século da era contemporânea.


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