sexta-feira, 6 de maio de 2022

Como passará para a posteridade a guerra na Ucrânia?

Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político
Como passará para a posteridade a guerra na Ucrânia?
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De novo, novamente, o problema do criticismo Histórico.

A História oficial sempre faz uma simplificação dos relatos dos fatos onde muitas coisas ficam de fora dos livros de História Geral por vários motivos, um deles seria a objetividade, pois um relato completo de todos os fatos da Segunda Guerra Mundial seria enfadonho e interminável; em segundo lugar, os perdedores da guerra não tem lugar de fala, ou seja, nunca são considerados seus fatos e suas perspectivas.
 Em terceiro lugar as narrativas sempre tem sido moldadas e formatadas na avaliação de juízos de valores morais que levam ao sofisma da falácia de petição de princípio, cujo o fim da segunda guerra mundial determina o início e o final da narrativa como se os fatos fossem teleológicos, ou seja, tudo começa e termina na visão dos objetivos dos vencedores, no caso da segunda guerra mundial, o fim do III Reich é uma vitória da justiça contra a tirania, apenas para argumentar, se Hitler tivesse vencido a segunda guerra mundial ou tivesse feito um acordo encerrando a guerra para congelar as suas conquistas territoriais certamente que teríamos outras narrativas.

A narrativa da vitória dos comunistas contada na China revela o triunfo do planejamento e da planificação da economia e da luta da classe trabalhadora urbana e camponesa como o resultado de seu modelo superior na distribuição de justiça social e de harmonia do sistema econômico.

Visão que se opõe ao mundo Ocidental que vê a China como um sistema artificial e anômalo que se vale de recursos do sistema ocidental para sua sobrevivência econômica.

Esta guerra de narrativa se estende desde sempre, desde os romanos que estiveram à vontade para registrar a sua História e a História de seus vizinhos como os judeus e cristãos, com Josefo e outros narradores oficiais, desde o tempo dos babilônios, etruscos, hebreus seus escribas registraram uma versão particular da História misturando mitos, crenças, filosofia, e o resulta é que os estudiosos arqueologistas da História procuram cruzar as informações à procura de coincidências de narradores independentes e contemporâneos à procura da única maneira de confirmar as narrativas, que na verdade estas versões se espalham justamente porque são contadas e repetidas pela tradição oral, e o que seria a prova é na verdade a mesma fonte de narrativas.

Somente no ano de 1948 os estudiosos dos EUA tornaram oficial a descoberta do primeiro voo de uma aeronave como sendo feito pelos irmãos Wright mesmo sem provas documentais, apenas baseados em testemunhos, ao contrário do voo público e documentado e testemunhado com fotos de máquinas fotográficas e filmes, este voo pode ser reproduzido com a mesma tecnologia, ao contrário dos irmãos americanos cuja aeronave nunca pode ser reproduzida com sucesso até porque não possui as especificações aeronáuticas aceitas presentemente, era 100 kg mais pesada e tinha 40 cavalos a menos que o motor do 14 Bis o avião que Santos Dumont realizou o seu primeiro voo, nem a NASA consegue fazer voar uma réplica do Águia dos irmãos Wright, apenas para argumentar que a história vai virando apenas uma narrativa entre tantas milhares de possibilidades.

O dia da vitória dos aliados é comemorado no Ocidente como o dia do desembarque nas areias das praias da Normandia na França como o dia 6/6/1944 justamente quando os alemães nazistas ainda não tinham encerrado a guerra que aconteceu em 1/5/1945 à pedido de Stalin para que o dia da derrota nazista coincidisse com a data mais importante do comunismo, o dia do trabalhador, este fato jamais reconhecido como o dia da vitória pelo EUA e Ocidente.

Se continuarmos preservando este vício de disputas de narrativas jamais saberemos onde começou a epidemia de Covid19, jamais saberemos quem descobriu o vírus da AIDS se o Instituto Pasteur de Paris, ou se o Instituto Gallup de New York, essas disputas de narrativas possuem milhões de interpretações sobre o incidente do Golfo de Tonquim que iniciou a guerra do Vietnam, ou a crise dos Mísseis em Cuba em 1962, e a guerra da Ucrânia vai sendo contada como um devaneio de Putin que um dia acordou de mau humor e com toda a sua maldade invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e todos o Ocidente protestou contra as matanças contra um país frágil que segundo a CNN e BBC estava derrotando a Rùssia todos os dias, e ao mesmo tempo sendo massacrada e transformada em escombros pelos bombardeiros selvagens, mas o povo valente estava vencendo a guerra com os homens entre 18 anos de idade e os sessenta proibidos de deixarem o país, quando 3 milhões de ucranianos abandonavam suas casas e tudo que tinham para trás.

Quando terminar a guerra a Ucrânia poderá ser reconstruída e comemorar sua vitória sobre a Rússia intacata derrotada segundo as narrativas triunfantes dos Facebook, Instagram, e outras mídias que nos proíbem de contar outra versão que não seja do triunfalismo e da condenação unânime da tragédia da Ucrânia e da agressão Russa.
 
Depois da Arca de Noé, da Travessia do Mar Vermelho, do Jardim do Éden, das Trombetas de Jericó, da Revolução Francesa, nada mais pode ser considerado mentira ou verdade na História.



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