sexta-feira, 13 de setembro de 2024

A evolução do conceito de sociedade política e econômica

Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político

A evolução do conceito de sociedade política e econômica



Sim, vou me atrever a dar minha opinião sobre o tema de estudo que mais calou profundo na humanidade, desde o livro O Príncipe de Maquiavel, a Torah, a Bíblia Cristã-judaica pré judaica, e livro O Capital, são obras que foram seguidas pelos pensadores filósofos: Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau, Marx, Schmith, Say, Ricardo, Menger, e as escolas políticas e econômicas que são estudadas em separado como se estivessem em posições diversas e adversas, e vou provar que cada escola econômica e política apenas representa um pedaço do processo todo holístico que possui uma unidade e unicidade.



Não existe antagonismo político e econômico porque a realidade não pode ser fraturada e separada em facções e preferências ideológicas; a realidade supera as teorias e as teleologias artificiais, e todas as teorias políticas e econômicas são artificialismos para garantir que algum pensador brilhante seja um único gênio portador da única verdade; enquanto entendermos isso haverá disputas e cada lado sairá com um pedaço da verdade que está no todo e pertence a cada um deles de modo holístico e complementar.


Os messiânicos que querem aperfeiçoar a humanidade, e os realistas que querem entender os mecanismos sociais agonísticos egoístas; estes dois grupos em que se divide a humanidade, ambos necessários e antagônicos, poderiam e deveriam sobreviver em harmonia complementarmente se não desejassem a extinção um do outro mutuamente; ora chamados de: cristãos, ora de muçulmanos, ora de democratas, outra vez de liberais, ora de socialistas, outra hora de capitalistas, ora de subdesenvolvidos, outra parte de nazistas, de outra época de aborígenes, outra vez de comunistas, ora fascistas, ora de nacionalistas, ora de racistas, ora de primeiro mundo, sejam tantas quantas forem as categorias analíticas e as distinções tudo pode se resumir a apenas duas categorias de pensamentos e de situações na civilização na linha do tempo e na posição geográfica humana geral: só existem dois comportamentos humanos possíveis: egoístas individualistas utilitaristas, e; gregários, altruístas, sentimentalistas, religiosos, idealistas.

Como percebeu Durkheim estes grupos podem agir solitariamente, ou podem procurar reunir forças no que ele declarou como solidariedade mecânica, ou solidariedade orgânica.

Na solidariedade mecânica é preciso um princípio social orquestrado de direção superior, organização, regras e princípios de ordem e hierarquia conspícuos formais para o sistema funcionar tanto para os egoístas-utilitaristas, e para de outra parte, os gregários altruístas.

Os lobos solitários parecem fingir agirem como heróis por conta própria, estes tiram partido da solidariedade orgânica, parecem fazer tudo sozinho, mas sem o concurso do trabalho social anônimo indireto nem sempre ostensivo e perceptível do trabalho social nada teriam conseguido, embora pareçam que seu esforço foi resultado unicamente da sua enorme capacidade pessoal independentemente de ajuda como Tesla, Edson, Musk, Bill Gates.

Johannes Kepler agradeceu se apoiar aos ombros de Isaac Newton e Ticho Brahe por terem se dedicado muitos anos antes para que se pudesse concluir a obra destes com as suas descobertas e avanços na astrofísica; quem seria Einstein sem os trabalhos dos matemáticos dinamarqueses da mecânica quântica tão criticada por ele mesmo no seu início desacreditado.

A ciência política não começou com os gregos, nem nas universidades dos USA, tudo segue uma linha de rupturas e avanços desde os tempos anteriores à literatura escrita humana, com novos paradigmas que superam o anterior que serviu de prova de ruptura dos limites que os impedia de avançar para o próximo degrau, pela negação do modelo exaurido se pulou para o próximo modelo, criando um novo estágio onde se sepultou as expectativas e esperanças dos defensores do status científico destruindo toda a catedral científica anterior, com perdas e danos emocionais e intelectuais.

Assim vimos o esgotamento do modelo imperial escravocrata e tributário escorchante dos povos babilônicos, egípcios, etruscos, que espoliavam até a exaustão os povos derrotados e caudatários, parece que a lição ainda foi utilizada como modelo nas colônias de África e América coloniais, ainda tentada em seus estertores disfarçada depois em imperialismo tecnológico e imperialismo exploratório do mercantilismo comercial ainda latente nas organizações multilaterais comerciais controladas pelas grandes corporações transnacionais: Repsol, Shell, HSBC, ARANCO, Microsoftware, Google, Amazon, Toyota, Mitsubishi, Hyundai, Phillips, Coca Cola, Carrefour, ainda controlando através de monopsônio e oligopsônio, monopólio e oligopólio, divisão de áreas internacionais de exploração de nichos de negócios setoriais, tudo pode agora ser compreendido como um processo integrativo, onde as forças armadas, governos e políticas forma um conglomerado amarrado enrustido pelos discursos: do progresso humano, dos direitos humanos, da ecologia e sustentabilidade, dos direitos dos povos primitivos, do aquecimento global, da busca da paz, dos direitos das mulheres, dos direitos dos transexuais, tudo pretexto para o mesmo fim de manter separado na disputa dos dois únicos núcleos de interesse baseados no comportamento humano, possíveis, desde que os pensadores psicólogos sociais tentaram definir as aspirações humanas básicas divididas em cinco matrizes objetivas: sexo, proteção, poder, estética e riqueza.

A história evolutiva da primeira teoria econômica se baseava no valor trabalho, ou, no trabalho incorporado ao produto feito pelas mãos, não haviam máquinas eficientes, além da: roldana, do remo; da alavanca, do plano inclinado, machado, marreta, arco, serra, faca, espada, polidor, velas navais, era tudo manual ou animal, ou movido pelos ventos e pelas forças das correntes das águas.

Óbvio pensar em trabalho como motor da transformação sobre a matéria-prima e sobre a natureza.

A inclusão da riqueza mineral sobre os elementos da teoria de Smith a partir dos metais preciosos foi uma necessidade de incluir na primeira teoria de economia criada por Adam Smith o valor intrínseco das joias que não estão necessariamente relacionados diretamente e linearmente com o tempo trabalhado ou dispendido, parece que as ligas e minerais extremos e raros dispensam a superação da mão de obra para adicionar valor ao que já tem valor intrínseco: então resolvemos a teoria do metalismo e do valor utilidade de uma tacada só.

A teoria de Keynes da movimentação do capital, fundindo com a teoria neoclássica do trinômio: empregabilidade, dinheiro e juros, surge depois que o fenômeno da multiplicação do capital criado artificialmente pela casa bancária através da criação virtual de moeda pelo modelo de escrituração contábil de contas bancárias e do processo de escrituração das transações bancárias não simultâneas que permitiu verificar o fenômeno da expansão monetária autônoma da criação de moedas através do encaixe bancário, então, o keynesianismo se vale do novo papel do dinheiro que substituiu a moeda que valia pelo seu valor em peso no antigo escambo, agora sendo trocada por um recibo - o dinheiro de papel - impresso que registrava simbolicamente um valor, se descolando do processo de escambo de mercadorias e de moedas em ouro e prata, ganhando uma autonomia pelo curso forçado e fiduciário, e poderia ela mesma a moeda/dinheiro escritural ser vendida e comprada com a cotação dada pela necessidade e pela especulação no mercado de câmbio livre.

Então, sucessivamente, a economia vai incorporando novos métodos, assim como a maneira de se fazer política, que vai acomodando aos grupos dirigentes o povo e vai respondendo às demandas e incorporando direitos populares de modo retardado e moderado, à pedido das massas sem poder político, de modo que elas pareçam participar do controle político da sociedade em, pelo menos, dois momentos: nas eleições gerais; e na mobilização popular das multidões nas ruas.

Desde sempre foi preciso montar um sistema de poder onde uma elite privilegiada pudesse governar, enriquecer sem que pudesse retirar dos súditos, dos cidadãos, dos eleitores, dos contribuintes, dos escravos, dos explorados todas as possibilidades de terem um mínimo de autonomia e compensação pela sua subserviência e inferioridade, quer seja através do discurso amigo solidário, quer seja através de serviços públicos gratuitos, como: registros, ensino básico, garantidas individuais mínimas ao patrimônio, à vida e opções, segurança contra agressão imotivada, segurança de acesso ao lazer e ao sexo, direito de culto religioso, direito de alimentação e sobrevivência.

Em variados graus tudo isso vem sendo concedido, negociado, restringindo, comutado ao longo de todos os regimes de governos diversos, nas formas de estado variados, e sistemas políticos diversificados onde uns valorizam mais: a sobrevivência física do que a liberdade, outros valorizam mais o patrimônio do que a sobrevivência, outros valorizam mais a estrutura e o modelo do que os indivíduos que vivem nele, outros valorizam mais os direitos iguais do que a equanimidade e diferenciação, outros valorizam mais as riquezas do que os valores morais e éticos.

O ideal seria então, um sistema que pudesse reunir todas as demandas diversificadas, sem limitar e sem as necessidades de se abolir as diferenças, para resguardar a estrutura social e política sem idolatrá-la, sem idolatrar a ideologia e a crença em qualquer valor em detrimento de demais valores ideológicos.

Daí, esse pluralismo civil seria o ponto alto da civilização e o momento de se proclamar que não existe modelo de democracia, nem de economia, nem de ideologia, de religião nem de moral homogêneos, únicos, mais corretos, superiores, e obrigatórios.

O caminho então seria voltamos para a aldeia de onde saímos e para nossos grupos de referência locais geograficamente sinalizados, a única referência real onde o indivíduo pode se realizar e ser reconhecido e ser formatado para a convivência social harmoniosa.


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