segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Deus e a Bíblia

Validação e verificabilidade

 

Epistemologia da exegese e hermenêutica da Bíblia.

 

Existe um problema metodológico sobre as questões de interpretação das escrituras sagradas.

 

Um grande e infindável debate circunscrito aos entendedores do grego antigo, do hebraico e aramaicos antigos em torno da validação dos textos sagrados, que sequestraram a exclusividade do debate acerca das interpretações dos textos da bíblia sagrada.

 

Acontece com a maior naturalidade do mundo que todas as vezes que aparece uma questão controversa ou não sobre a interpretação de algum texto sagrado da bíblia se socorrem dos papiros antigos gravados em grego, hebraico ou aramaico com a única e a maior fonte de validação da bíblia.

 

Então se estabelecem todas as provas da interpretação verdadeira e original exatamente e exclusivamente em cima dos textos dos pergaminhos e papiros oficiais originais.

 

A validação de documentos se faz de acordo com a metodologia científica baseada na técnica de documentação histórica, que não é aquela do tipo da pesquisa científica empírica nem faz parte do método hipotético dedutivo de Karl Popper, trata-se de uma das técnicas científicas de pesquisa mais frágil de todas, que é a técnica de pesquisa historicista documental, de precisão científica muito abaixo do método dedutivo e do método indutivo.

 

A sustentar o método indutivo temos a arquitetura prestada da ciência da Estatística; para alicerçar o método dedutivo temos os dogmas paradigmáticos e os imperativos categóricos apriorísticos que podem ser de categorias transcendentais e os de categoria gerais.

 

O método histórico documental se restringe a validação das fontes e a autenticação dos documentos, interna e externamente.

 

Nos parece que os senhores professores Sabino e professor Ferreira possuem uma obsessão pela materialidade do conteúdo sem se prevenirem sobre a fragilidade da validação externa do material confrontando o texto dos papiros e pergaminhos com a contingência cultural e com as limitações impostas pela  ciência em geral: a Física, Química, Matemática, Arqueologia, Geografia, então misturam-se a filosofia, com a mitologia, com as superstições apenas porque está tudo grafado em hebraico, grego e aramaico, e como se isso fosse suficiente para validar tudo que está nos pergaminhos.

 

Os mesmos pergaminhos que contam: de uma serpente falante, de uma baleia que regurgita um homem vivo depois de três dias no seu esôfago ou estômago, ou de um mar que se abre com um gesto heroico para a passagem segura e seca de mais de meio milhão de pessoas sem molharem seus pés. Ou das muralhas de pedras que se desmancham com o som de trombetas. Cinco peixes e três pães que alimentam cinco mil homens.  Um homem que repovoou a terra salvando-a de uma inundação colocando em uma enorme arca cinco casais de cada espécie de animal e depois com três casais de pessoas refez toda a população da terra.

 

Onde está a linha que limita o mito dos fatos?

 

Seria um gigantesco salto epistemológico se examinar um texto totalmente contaminado de mitologias e magias escritas para impressionar e convencer o leitor que se trata de uma mistura de fatos e mitos sem sabermos o que foi um fato e o que é mitologia, enorme livro de milagres e magias.

 

Como seria possível se separar o que é mito daquilo que se poderia aproveitar para um exame histórico documental com tanto esforço para se aprender o hebraico e aramaico antigo e misturar fatos com mitos e tratar estes como coisa séria, simplesmente porque está escrito nos originais gregos, hebraicos e aramaicos, me parece um enorme esforço intelectual desperdiçado.

 


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