Validação e verificabilidade
Epistemologia da exegese e hermenêutica da Bíblia.
Existe um problema metodológico sobre as questões de interpretação das
escrituras sagradas.
Um grande e infindável debate circunscrito aos entendedores do grego
antigo, do hebraico e aramaicos antigos em torno da validação dos textos
sagrados, que sequestraram a exclusividade do debate acerca das interpretações
dos textos da bíblia sagrada.
Acontece com a maior naturalidade do mundo que todas as vezes que
aparece uma questão controversa ou não sobre a interpretação de algum texto
sagrado da bíblia se socorrem dos papiros antigos gravados em grego, hebraico
ou aramaico com a única e a maior fonte de validação da bíblia.
Então se estabelecem todas as provas da interpretação verdadeira e
original exatamente e exclusivamente em cima dos textos dos pergaminhos e
papiros oficiais originais.
A validação de documentos se faz de acordo com a metodologia científica
baseada na técnica de documentação histórica, que não é aquela do tipo da
pesquisa científica empírica nem faz parte do método hipotético dedutivo de
Karl Popper, trata-se de uma das técnicas científicas de pesquisa mais frágil
de todas, que é a técnica de pesquisa historicista documental, de precisão
científica muito abaixo do método dedutivo e do método indutivo.
A sustentar o método indutivo temos a arquitetura prestada da ciência da
Estatística; para alicerçar o método dedutivo temos os dogmas paradigmáticos e
os imperativos categóricos apriorísticos que podem ser de categorias
transcendentais e os de categoria gerais.
O método histórico documental se restringe a validação das fontes e a
autenticação dos documentos, interna e externamente.
Nos parece que os senhores professores Sabino e professor Ferreira
possuem uma obsessão pela materialidade do conteúdo sem se prevenirem sobre a
fragilidade da validação externa do material confrontando o texto dos papiros e
pergaminhos com a contingência cultural e com as limitações impostas pela ciência em geral: a Física, Química,
Matemática, Arqueologia, Geografia, então misturam-se a filosofia, com a
mitologia, com as superstições apenas porque está tudo grafado em hebraico,
grego e aramaico, e como se isso fosse suficiente para validar tudo que está
nos pergaminhos.
Os mesmos pergaminhos que contam: de uma serpente falante, de uma baleia
que regurgita um homem vivo depois de três dias no seu esôfago ou estômago, ou
de um mar que se abre com um gesto heroico para a passagem segura e seca de
mais de meio milhão de pessoas sem molharem seus pés. Ou das muralhas de pedras
que se desmancham com o som de trombetas. Cinco peixes e três pães que
alimentam cinco mil homens. Um homem que
repovoou a terra salvando-a de uma inundação colocando em uma enorme arca cinco
casais de cada espécie de animal e depois com três casais de pessoas refez toda
a população da terra.
Onde está a linha que limita o mito dos fatos?
Seria um gigantesco salto epistemológico se examinar um texto totalmente
contaminado de mitologias e magias escritas para impressionar e convencer o
leitor que se trata de uma mistura de fatos e mitos sem sabermos o que foi um
fato e o que é mitologia, enorme livro de milagres e magias.
Como seria possível se separar o que é mito daquilo que se poderia
aproveitar para um exame histórico documental com tanto esforço para se
aprender o hebraico e aramaico antigo e misturar fatos com mitos e tratar estes
como coisa séria, simplesmente porque está escrito nos originais gregos,
hebraicos e aramaicos, me parece um enorme esforço intelectual desperdiçado.
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