Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político
Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político
Os dois tipos de ateus
Eu sou cientista político, mestre em ciência política mas sou analista de sistemas informatizados desde 1975.
Estou falando isso não para dar uma carteirada, simplesmente porque atualmente nas redes sociais consegue-se especialistas de qualquer assunto e os fact checkers são o tribunal do fim do mundo, como o ministro Alexandre de Moraes, que é o investigador, o réu, o relator, o promotor e juiz, o executor e o comentarista nas redes sociais.
Então, dito isso, vamos falar porque existem dois tipos de ateus, onde o primeiro tipo, o mais conhecido, é o ateu preguiçoso, não tem argumentos e sempre é o cético amador, não o ceticismo científico que exige a tese e a refutação, conforme as técnicas de pesquisa científica e de metodologia científica, então o ceticismo científico não é apenas teimosia ou animosidade, é a tentativa-resposta para uma questão recepcionada pela ciência pela sua importância e relevância para a civilização, excetuando-se os mitos e tradições religiosas que não podem ser violadas nem pré-questionadas fazendo parte dos tabus que a comunidade elegeu para serem sagrados e tratados apenas pelos que são autorizados pela comunidade para tratar e refazer tais crenças, sob pena da enorme punição social que pode ser desde o ostracismo discreto até a exclusão social e o pior de todos dos castigos: que é a invisibilidade social.
O segundo tipo de ateu é o ateu científico, aquele que começou sendo religioso, e então se aprofundou na religião e finalmente concluiu pelo ateísmo. A igreja católica sabia disso há 1800 anos quando em um concílio decidiu que as missas deveriam ser em latim, e os primeiros textos sagrados fora impressos pela imprensa de tipos móveis inventada por Guttemberg, a primeira obra impressa foi a bíblia, por Martinho Lutero, e logo muitos sacerdotes foram queimados mesmo depois de mortos, como Wiclyffe, outros foram executados, excomungados como Lutero, porque quiseram disseminar a leitura da bíblia, porque é uma obra que ficou em edição em aberto por dois mil anos, logo, atravessou a linha do tempo sem editor e sem organizador, portanto, registra as versões de todos escritores dela, e o amálgama das culturas, dos mitos e lendas misturando a cultura dos povos onde ela foi influenciada.
Não diga que a bíblia não serve como livro histórico, nenhuma história humana é isenta de ideologia e de mitos, como por exemplo, a guerra do Vietnam, a invasão do Iraque, a CV19, a história da AIDS, tudo é contaminado pelo interesse do país hegemônico, e das narrativas que mais favorecem ao lado dominante, como o descobrimento do Brasil oficialmente pelo navegador Pedro Álvares Cabral, mas esteve no |Brasil antes dele, Cabral, pelo menos três outros navegadores pelas terras brasileiras, como Pinzon.
Agora a teoria sobre o ateísmo dos religiosos; pois todos os sacerdotes são ateus, e seus seguidores nem suspeitam disso, é a consequência do perigo do conhecimento cada vez mais profundo da própria bíblia, que vai mostrando as camadas que vão sendo aprofundadas a cada passo no conhecimento cultural do leitor e o resultado é que a religião conduz ao ateísmo; se Karl Marx e Stalin soubessem disso obrigariam os comunistas a lerem bastante a bíblia para então se tornarem ateus convictos, ao contrário, fecharam os templos religiosos e perseguiram e mataram os religiosos, por nunca terem estudado a bíblia.
Não existe um texto ou uma imagem gravada nos pen drive, nem dos discos rígidos do computador, assim como na nossa memória no cérebro humano não existem nomes de pessoas, imagens de lugares, nem conhecimento nem informação alguma, se abrir o cérebro se verá muito sangue, detectar impulsos elétricos ali, e substâncias bioquímicas: então onde estão as informações?
Vamos por partes. O computador e a internet são organizadas em camadas. Então a informação entra, é armazenada, e sai dos computadores, e da internet; são tratadas por camadas cada vez mais profundas, do sofisticado para o mais simples, até que uma imagem ou um texto ou uma informação complicada sobre engenharia ou mecânica quântica, ou um filme ou vídeo, ou uma música são reduzidos a um conjunto de símbolos lógicos representadas apenas pelo simbólico binário: zero e ou um, chamados símbolos digitais.
Da mesma forma analogamente em nosso cérebro tudo que existe fisicamente no cérebro são apenas impulsos elétricos e as reações bioquímicas nos lugares certos das sinapses neurônicas ou neuronais, que no computador ou na internet são os circuitos lógicos eletrônicos que são apenas o nível baixinho de corrente representado pelo zero, o nível mais alto representado pelo um.
As camadas mais baixas do computador operam meia dúzia de instruções simples como: copiar o zero ou o um; achar um endereço onde está o zero ou o um; agrupar um conjunto de zeros e uns chamados de unidades de Bytes, por isso se mede memória e processador por múltiplos de bytes como: kilobyte, megabyte, gigabyte, terabytes, petabytes.
As demais operações menos baixas são: comparar os bytes, e modificar os bytes, deslocando para a direita ou para a esquerda cada bit de informação, pois, um byte é um grupo de bits, um bit é cada zero e ou um individualmente; e, agrupar ou separar bits ou bytes.
Na camada imediatamente superior os circuitos lógicos do computador gravam uma sequência de conjunto ainda menos simples de instruções para serem executadas por cada circuito eletrônico pré-determinado pelo fabricante, que nunca mudam, são operações aritméticas e micro comandos.
Na camada seguinte, os programadores de computador tem a liberdade de combinar e recombinar e estabelecer uma sequência de execução das instruções da camada anterior, e é isso que chamamos programar um computador.
Na camada seguinte a anteriormente acima descrita, vem a camada da interface entre estes programas e o ser humano, que é a linguagem de programação onde a tradução é feita para que o computador entenda o que foi escrito nos programas para que os circuitos eletrônicos saibam o que deve fazer sequencialmente no programa e onde e como processar os dados introduzindo e retirando os dados.
A camada seguinte seria a de abstração onde aquele conjunto de bytes é interpretado decodificado para o ser humano perceber como letras, números, cores, imagens, sons, são as interfaces dos dados que viram informações reconhecíveis pelos humanos através da tela ou da impressão no papel.
Essa interface entre o ser humano e a máquina é a análoga àquela que existe entre o cérebro humano e a língua, os ouvidos e os olhos, que transforma aquele impulsos elétricos no cérebro e as reações bioquímicas do cérebro em luzes, imagens, palavras, frases, emoções externas para o ser humano.
Os rituais das religiões são feitos de camadas como no computador, onde o iniciante é introduzido primeiramente nos rituais sem compreender direito a utilidade de cada gesto, de cada repetição de palavras e atitudes, como o batismo, como os símbolos visuais, sobre o comportamento social, sexual, aprende as regras sem pré questionamento, para então sendo admitido no grupo poder ter acesso aos ensinamentos mais profundos.
O novato vai sendo entronizado e aos poucos começa a construir para si a sua versão da doutrina aprendida, então a nova camada crítica começa a se formar em sua mente e passa a selecionar e a eliminar e adicionar elementos heurísticos na sua visão e sua versão pessoal de religião e espiritualidade.
Ele começa a discutir e a questionar os comportamentos e as doutrinas, começa a fazer os seus próprios juízos do comportamento admitido e aqueles que não são convenientes a partir de seu próprio ponto de vista.
Então a última camada religiosa vem da completa visão do domínio cultural e interpretação intelectual das escrituras sagradas onde e quando ele consegue separar as linhas de tempo entre o momento em que os livros sagrados foram escritos e a devida adaptação aos comportamentos análogos e a adaptação à cultura de sua geração, e de seu país, e sua comunidade, às suas leis, então surgem grandes questões que precisam ser devidamente resolvidas; muitas delas se transformam e novas versões de entendimentos já superados que eram anteriores às novas necessidades intelectuais e atuais para fazerem sentido no momento presente.
A última camada então vem com a adaptação da cultura contemporânea e dos avanços científicos que precisam ser incluídos na sua capacidade de justificar a doutrina e a sua fé, então o novo ateu começa a descartar as primeiras camadas de absorção inicial que entrou em sua mente sem resistência e sem criticismo dos primeiros momentos, logo a seguir ele constrói a sua última versão compilada de sua doutrina religiosa, eliminando os suportes baseados em enigmas e mitos e exclui a última camada de tabus e fica com a essência de toda a religião que é apenas a verdade nua e crua de que nada pode ser sagrado e que tudo é apenas o nada, o imenso nada para qual o fomos criados, saindo do nada e voltando para o nada, e que nossa vida não tem nenhum significado especial nem particular, e que tudo é uma imensa simulação no universo onde o próprio universo é um imenso sistema de simulações onde a realidade é tão concreta quanto as informações representadas no cérebro ou na memória de um computador: apenas zero e um, que só fazem sentido dentro de um quadro de referência particular, chamado conhecimento e vontade de ser e de acreditar.
Eclesiates 3:20 "Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó."
Eclesiastes 3:20
Eclesiastes 6
6Pois, de que lhe valeria viver dois mil anos, sem desfrutar a sua prosperidade? Afinal, não vão todos para o mesmo lugar?
Eclesiastes 9:9
Desfrute a vida com a mulher a quem você ama, todos os dias desta vida sem sentido que Deus dá a você debaixo do sol; todos os seus dias sem sentido! Pois essa é a sua recompensa na vida pelo seu árduo trabalho debaixo do sol.
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