terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Porque as sansões ocidentais não vão isolar e destruir a Rússia?

Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político

Porque as sansões ocidentais não vão isolar e destruir a Rússia?

Em primeiro lugar é preciso uma aula de geografia geral.

A Europa não é o centro do mundo; os USA não são o centro do mundo.

Quais os trunfos que dispõe os USA nas relações internacionais, e seus aliados ocidentais?

Deus quando criou o universo fez coisas típicas dos deuses, são coisas caprichosas sem nenhum significado para a compreensão da racionalidade instrumental humana.

Desta forma, tentar procurar leis e fatos coerentes no universo tem sido a maior façanha dos melhores cérebros humanos, antes mesmo da criação da ciência e da filosofia surgiu a religião em suas versões animistas e ou fetichistas, antes das modernas religiões monoteístas e politeístas, teístas e religiões iconoclastas. Essa evolução religiosa retirou do campo único dos milagres e da magia todos os fenômenos antes tidos como mágicos e autônomos da natureza e da origem do universo.

Reunindo em uma divindade humanóide a responsabilidade e o poder de iniciar e controlar os fenômenos naturais permitiu trazer para o campo da causalidade a totalidade dos fatos tidos como mágicos, então foi construída a versão finalística da existência das formas de vida e dos elementos do universo todos como coisas criadas a semelhança dos ciclos de vida vegetal e animal que nascem, crescem e morrem, assim nasceu a analogia de criação do universo como um ser que surge se modifica e depois acaba, como uma planta. Espanta como fora da filosofia os cientistas procuram de toda a forma um ciclo de criação do universo e a previsão de seu fim, ambos os eventos não prevêm de onde vêm as coisas existentes, e para onde vão as coisas depois do fim do universo, simplesmente desaparecerão da mesma forma que surgiram do nada, ou de uma singularidade mal explicada anterior ao big bang mágico que criou tudo que existe: matéria, energia, informação, e leis do universo, tempo, espaço e correlações matemáticas perfeitamente sistematizadas entre si. As ciências se transformam lentamente em mais uma versão de espécie de religião que não pode ser contestada e desafiada como a palavra final e como tribunal final da verdade do conhecimento incontestável do universo. A ciência se divinizou.

A assimetria do universo ainda não caiu no âmbito do ethos científico, cujos princípios se baseiam em leis que são como constrangimentos estritos que as partículas e sub-partículas atômicas precisam seguir estritamente, dentro de previsibilidades matematicamente estabelecidas, e o que se vê em realidade é que a equação máxima de Einstein E=m*C**2 nunca pode ser verificado na prática, nem nas colisões de partículas nos melhores colisores de hárdrons, muito menos perto das bombas nucleares, nas reações nucleares nos núcleos das estrelas justamente porque muitas outras condições necessárias não são suficientes para a verificabilidade desta lei, que como todas as leis da física, da química, da biologia apenas servem com uma pobre aproximação dos fenômenos da natureza tornando o universo totalmente imprevisível e longe de ser determinístico, mas mesmo assim não podemos prescindir da nossa Matemática que não consegue definir com exatidão a relação entre o diâmetro e a circunferência chamada pi, nem podemos calcular com exatidão a raiz quadrada do número dois, não podemos dividir quaisquer números inteiros por outro inteiro sempre com resultado exato e preciso, mas a autossuficiência intelectual e a autoridade da ciência nos impede de enxergar as limitações do método científico baseado em leis fixas através de fórmulas em lugar das leis deveríamos ter um sistema de condições flexíveis e parametrizadas em indicadores móveis onde as variáveis presentes pudessem ser harmonizadas como uma sequência de alternativas para serem examinadas passo a passo como um programa de computador onde a cada desvio na árvore de decisões sejam selecionadas as fórmulas adequadas aquela situação, sem a rigidez das fórmulas fixas que são selecionadas indistintamente desconsiderando as circunstâncias diversas e sempre múltiplas e combinadas entre si que transformam a busca de soluções muito complexa uma vez que a Matemática só pode trabalhar com três variáveis independentes, e as equações diferenciais somente podem ser integradas até o terceiro nível, e estas condições se referem ao caso da seleção e abstração de variáveis de forma arbitrária ou modelando convenientemente o problema algébrico.

Juntando as limitações do estágio paradigmático do estado de arte da ciência e seus limites epistemológicos e ontológicos em função da nossa capacidade cognitiva estamos juntando a esse momento a assimetria do universo onde de todos os objetos que estão no sistema solar, cada planeta, cada satélite planetário nada indica que haverá ou já houve vida abundantemente sofisticada e quase de variedade infinita como existe na terra, desde os segmentos de DNA, aos vírus, micróbios, insetos, animais marinhos, animais terrestre, animais que voam, anfíbios, tundras, corais, peixes, musgos, líquens, uma infinidade de variedade que desafiaram ao humilde e limitado pesquisador chamado Mendel e seu conterrâneo Charles Darwin, que tentaram em vão com seus instrumentos limitados desvendar os mecanismos da vida na terra, onde muitos renomados intelectuais insistem em sustentar as teses um tanto exdrúxulas da origem e evolução das espécies, sem pé nem cabeça, que contrariam as leis da estatística e a mecânica da biologia do DNA, uma única simples célula teria sido a origem d vida segundo Darwin, porém uma simples célula por si é mais complexa que todo o universo!

Não existe simples célula, uma célula possui mecanismos extremamente complexos, a começar pelas proteínas de DNA, RNA, membrana celulósica, mecanismos de meiose e mitose, ciclos de transporte de materiais pela membrana celulósica e nuclear semi-permeáveis, é tanta inteligência e trocas de informações em uma simples célula que Darwin desconhecia em sua simplicidade e arrogância dos ignorantes, como diz Tulcídides: a Ignorância é audaciosa!

Da mesma forma que o universo é assimétrico e completamente heterogêneo, a própria geografia terrestre nos premiou com esse modelo de assimetria onde 90% das terras secas estão no hemisfério norte, e consequentemente, 90% dos oceanos estão no hemisfério Sul, e a distribuição de todo o petróleo da terra está concentrado principalmente em Venezuela, Rússia e países árabes, 90% do nióbio do mundo foi depositado no Brasil, 90% de todas as terras raras estão na China, mais de 60% do minério de ferro está no Brasil, os maiores depósitos de água potável doce está no Brasil, então o mundo não pode viver sem o cobre do Chile e do Congo, então a atividade humana construiu uma organização econômica e industrial assimétrica, onde a língua inglesa virou a linguagem dos negócios, internacional, assim como a moeda dólar se constitui a corrente para as trocas internacionais, isso seria suficiente para os USA obterem a suficiência do controle do mundo, mas, a ignorância os fez arrogante e colocam tudo a perder pois nada mais precisariam para controlar as relações internacionais, pretenderam avançar e impor aos 8 bilhões de habitantes da terra a sua visão de civilização, então começou aí o maior esforço para transformar em colônia a todos os países da região econômica da Europa, e sem o declarar, instituíram condições extremamente estreitas que não poderiam os países europeus suportar por um longo período como por exemplo, a extorsão causada pela agiotagem iniciada com o Plano Marshall, que só não foi um sucesso total por causa da surgimento do bloco comunista formado pela URSS e pela China, que acabaram acarretando um gasto extraordinário de riquezas dos EUA que obrigaram aos Europeus a serem obrigados a virarem as costas para seu maior vizinho, a Rússia, como seu inimigo por procuração dos USA através da OTAN.

Como se vê, não existem as condições para o protagonismo solitário de nenhuma nação ou grupo de nações chamado Ocidente que é formado de pouco mais de 0,8 bilhões de pessoas e ignorar os 7,5 bilhões de pessoas que não estão no Ocidente, que vivem em: Índia, América laltina, África, China, Oriente Médio, Ásia e Oceania, esta miopia custou um projeto de hegemonia americana que por muito tempo se auto proclamou a única que pode determinar a pax de seu modo, com sua cultura e modelo de democracia e imposição de noções cristãs de direitos humanos, e sua vesão de equilíbro ecológico e diversidade de gênero, direitos de minorias, tudo dentro da visão de 300 milhões de pessoas que vivem nos USA para modelar o comportamento das demais 7,5 bilhões de pessoas que estão fora do Ocidente, estas mesmas 300 milhões de pessoas consomem 70% de toda a energia produzida no mundo, consome 90% da cocaína e todas as drogas e remédios do mundo, não querem abrir mão deste consumo assimétrico de recursos limitados de toda a humanidade.

Então as alternavas para a sobrevivência das nações são: cooperação e comércio internacional de acordo com as correntes da teoria econômica chamada equilíbrio geral; ou continuarmos as disputas pela colonização dos países produtores e detentores das matérias-primas dentro do processo de apropriação de suas riquezas através de trocas completamente desiguais que foram os modelos do mercantilismo e do colonialismo com todas as consequências históricas e cicatrizes que modelaram os conflitos mundiais e regionais que traumatizaram a vida de todos os habitantes da terra, diretamente com indiretamente, assim, a globalização seria exatamente a saída única e justamente a verdadeira globalização autêntica em nada parecida com a tentativa feita que apenas existiu nas empresas transnacionais que apenas diluíram a produção sem diluir o capital intelectual e humano juntamente às plantas industriais dividindo o mundo entre centro financeiro e de patentes industriais, e periferia industrializada apenas no nível da porteira fechada turn key sem participação na criação de tecnologia proprietária.

Esse modelo baseado em nações líderes e protagonistas levou a arrogância dos USA em imaginar que as sansões para o acesso ao centro tecnológico de protecionismo de patentes e conhecimento científico foi guiado por ideologia política, quando a ideologia da ciência conduz a que toda a tecnologia é o produto mais perecível e transitório da humanidade, toda a tecnologia será rapidamente obsoleta dentro de meio século, e em um século será totalmente abolida, com aconteceu com as tecnologias de disco laser, telefone fixo, fitas magnéticas, desapareceram tão rapidamente quando surgiram, o mundo do futuro será construído em: física dos fótons, novos materiais, engenharia genética, inteligência artificial, e muitas coisas que nem imaginamos e que serão logo descobertas em uma década, então o conhecimento tecnológico não é um bom investimento, pois é volátil, a verdadeira riqueza é a capacidade de criar e desenvolver recursos humanos para recriar o conhecimento. Pequenas ideias revolucionaram completamente nosso modo de vida como: os container, o telefone celular, a internet, as redes sociais via internet, o micro chip, a cripto moeda, o pay pal, o correio eletrônico, o marketing digital, são coisas que mudaram a arquitetura das cidades e extinguiram muitas profissões em trinta anos, como o fim dos correios, dos telégrafos, dos shopping gigantes, das grandes lojas, das escolas presenciais, e do trabalho localizado em grupos de grandes escritórios substituídos pelo home office e tele trabalho.

Os políticos ainda acreditam nas guerras com destruição com as bombas, mas já temos condições de destruição de nações sem armas, para isso basta calibrar a circulação destes bens vitais como petróleo, carvão, alimentos, gás, nióbio, titânio, cobre, antimônio, ouro, urânio e os países vão à falência completa.

Pelo bem ou pelo mal os políticos ainda não se deram conta que o poder mudou de forma e foi deslocalizado, ainda os grandes bilionários ainda raciocinam com as premissas do século XIX. Menos mal para a humanidade, pois não estamos preparados para imaginar um mundo de fluxo total de mercadorias, materiais, ideias e pessoas.


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