terça-feira, 20 de setembro de 2022

Detória ou Victfeat

Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político

Detória ou Victfeat



O que é detória?

Detória é um neologismo criado para cobrir uma situação que de exceção passou a figurar com certa regularidade contemporânea nas situações de guerras mas não é inédita, mas, devido às circunstâncias do balanço mundial de equilíbrio estratégico da detente nuclear onde a possibilidade de mútua destruição assegurada pela quantidade em excesso de ogivas nucleares e uma tríade de opções de vetores para lançamento alternativo e variado para assegurar que qualquer ataque mesmo de surpresa com as armas nucleares assim dissuadindo qualquer agressor de planejar uma vitória unilateral em uma guerra nuclear.

Acontece em que detrimento da lógica militar atualmente não é possível guerrear com todo o arsenal disponível mesmo não sendo armas nucleares pondo em risco da escalada de violência que poderia chegar até ao impasse nuclear, este seria o fim da humanidade nuclear, na terceira suposta guerra nuclear.

Por este motivo, por causa do guarda chuva nuclear a inevitabilidade da guerra nuclear ficou adiado por causa da lógica da autodestruição da humanidade com armas nucleares, o efeito colateral dessa situação indefinida e interminável gerou guerra de um tipo novo, a guerra planejada para não ter o desfecho tradicional, onde as alternativas únicas são a derrota ou a vitória.

Ao contrário, as guerras começadas pelas superpotências não são travadas com o final esperado, com vitória ou com a derrota de um dos lados, o que acontece é que a maioria das guerras conduzidas pelas potências nucleares terminam com uma vitória sem derrota do oponente, ou com uma derrota sem a vitória do oponente, essa situação de derrota-vitória ou de vitória-derrota se chama detória, uma derrota sem vitória e vice-versa.

Foi o que assistimos atônitos os desfechos das guerras declaradas ou não declaradas onde se lutou contra uma potência que nunca pode usar as armas nucleares por causa do risco de escalada nuclear que levaria ao total aniquilamento da humanidade, uma vez que qualquer vantagem territorial que um dos lados do bipolarismo mundial entre a OTAN e o oriente, mesmo diante da naturalização dos alertas e estado de defesa e prontidão nucleares, qualquer posição estratégica sobre um grande recurso estratégico colocado sob tutela de um dos pólos, com recursos minerais de petróleo, gás, grafeno, nióbio, biodiversidade, urânio, cobalto, alimentos, lítio, água potável, ouro, e pode ocasionar reposicionamento das superpotências nucleares.

Assim, com o critério novo de detória, na guerra do Vietnam os EUA venceram sem derrotar o Vietcong, ou, como quiserem, foi derrotado sem a vitória do Vietcong; assim foi na guerra da Coreia uma detória, foi na guerra do Afeganistão outra detória, assim por diante também em Cuba desde o bloqueio em 1962 nunca derrotada pelos EUA, operações e bloqueios em Nicarágua, o mesmo em Venezuela, contra-terrorismo em Síria, ataques de OTAN em Yugoslávia, os conflitos eternos Israelo-árabe, provocação na fronteira Indo-chinesa, e as operações planejadas para ocupação de territórios como Ucrânia-Rússia, Amazônia, Colômbia; os adversários comerciais dos EUA, e por isso, tanto a: Alemanha, UE são adversários econômicos e políticos dos EUA que não se limita à Russia e China, mas inclui competidores poderosos que parecem aliados mas são perigosos desorganizadores da globalização centrada nos EUA que acumulam vantagens contra a economia americana com superávits, como: Corea do Sul, Japão que deterioram a renda dos cidadãos americanos residentes no EUA, essa situação não se resolve com bloqueios e sanções e aumento de alíquotas de impostos de importação, onde talvez a utilização de arsenal nuclear pudesse concluir a operação de vitória mas essa opção está suspensa pela condição de balanço nuclear.


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