Caso Ana Lídia sequestrada e estuprada em Brasília
Desculpe-me, cheguei em Brasília em 1970 com 15 anos de idade portanto, o crime ocorreu quando eu tinha 18 anos.
Asa Norte, - onde se deu o sequestro e o estupro e morte, de Ana Lídia 8 anos de idade, - sequer tinha asfalto e a cidade era muito pequena com pouco mais de cinquenta mil habitantes.
Viver em Brasília como pioneiro era acostumar com a monotonia da cidade sem centros de lazer e uma epidemia de suicídios anômicos, poucos crimes, poucos roubos exceto de automóveis se dizia que o brasiliense era composto de cabeça, tronco e rodas.
Como a cidade era deserta a gente sabia tudo que acontecia pois tinha pouca novidade no dia a dia com três canais locais quase amadores de TV sem internet, sem rádios e TV por satélite, as notícias circulavam de boca a boca.
Era uma aldeia, uma cidade do interior sem cara, cerca de 100 mil operários os chamados candangos, todos homens, e os servidores públicos cerca de 50 mil com suas famílias fazendo um desequilíbrio demográfico entre os sexos e um degrau enorme de renda entre os moradores daqui, uma pequena Índia com suas castas.
Entre a juventude as turmas eram bem delimitadas e conhecidas, então estes rapazes das turmas que rondavam a cidade procurando alguma coisa para se ocuparem em seu tédio diário e noturno, formavam uma comunidade bem reduzida e tudo que faziam era comentadas nas rodas como prosas e se procurava matar o tédio da completa falta de lazer pois haviam pouco mais de seis salas de cinema em toda a cidade, dois teatros, um Shopping center.
Alguns points descolados como a Pizzaria Dom Bosco, os bares Beirute e Arabesk, a Praline confeitaria dos ricos e famosos, o Bar Bem, e era essa vida noturna da cidade, dos que não podiam fugir para Goiânia, essa sim com centenas de bares e restaurantes com uma vida noturna de verdade.
O local onde mora Ana Lídia era tido como um baixo Plano Piloto, na verdade a quadra 405/6 era de baixa classe média, a alta classe média morava em prédios de seis andares frente ao eixo rodoviário as quadras cento e as duzentos, algumas delas nas trezentos eram mais antigas e recém construídas na asa sul e norte eram residências dos senadores e chefes de empresas estatais.
A geografia social, portanto, das turmas eram muito fechadas, eu estudava na UnB e era muito elitizada 99% dos alunos da UnB moravam nos lagos Norte e Sul Park Way e o restante no Plano Piloto principalmente nas casas da W5 sul, então quando acontecia qualquer coisa imediatamente a notícia tomava conta da cidade, todos sabiam de tudo, principalmente das festas das autoridades com prostitutas, artistas, cassino, drogas, as infidelidades conjugais.
Brasília era a capital nacional dos divórcios, das religiões místicas, das drogas, das bebidas, dos automóveis, do dinheiro fácil, dos estelionatários, e portanto era uma pequena Las Vegas cabocla.
Posteriormente ao homicídio muitas provas foram plantadas no caso Ana Lídia, o que se conversava na época que era mais um caso de acidente numa das muitas festinhas de orgias de pedofilia que deu errado, não houve sequestro para obtenção de resgate, foram chamados convidados os rapazes de sempre para estuprarem mais uma menor com a presença comentada na época de grandes nomes hoje chamados empresários e meninos ricos de famílias influentes, nada tem a ver com o regime militar, o governador da cidade era nomeado e tinha que se equilibrar entre os generais do poder o os capitães da sociedade rica que comandava a noite na cidade e todos sabiam dos adultérios dos senadores, dos governantes, dos ministros, dos cassinos clandestinos.
O que aconteceu neste caso é que a orgia sexual de pedófilos riquinhos deu errado, e tentaram criar um outro tipo criminal de sequestro para extorsão porque não faz sentido um menino de classe média baixa andar com rapazes riquinhos e conseguir crédito para usar drogas caras, o irmão dela vendeu a Ana Lídia para a sevícia que era o que se comentava na época, nada a ver com essa estória de sequestro de filha de pobre nem encobrimento pelos ditadores militares, simples acordo das elites da sociedade brasiliense, como muitos que presenciamos dentro dos palácios e dos hotéis de luxo e mansões na beira do lago.
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