segunda-feira, 30 de junho de 2025

O problema da Medição

Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político



O problema da Medição



Antes da fundação do Positivismo Científico, existia uma confusão entre os cientistas sobre o valor da teoria e do princípio da imanência do dedutivismo, que é o ramo predileto dos astrónomos, onde se faz a prova do conhecimento científico através de debates entre os teoremas, corolários, teorias, princípios sem se provar na prática em laboratório, sem contacto humano, sem poder reproduzir as teorias num ambiente controlado, como, por exemplo, se reproduzir um terramoto para se convalidar as premissas e as causas de um terramoto?



Então o debate entre os imanentistas e os empiricistas vai continuar e ambos se complementam simplesmente porque existe um problema de ambos que se pensou resolver introduzindo a medição técnica instrumental, observando a realidade através de uma instrumentação medidora calibrada, em lugar de usar a visão, audição, gosto, o tato para medir a temperatura, o titulador de acidez de uma substância para substituir a língua e o gosto, introduziu-se o relógio para medir o tempo de maneira muito precisa e fracionadas em escala de Plank, e por outro lado também em escalas astronómicas, mas o problema da medida que Auguste Comte pensou resolver reapareceu com o princípio da incerteza de Heizemberger.



O princípio da incerteza de Heizemberger trouxe de volta a questão da impossibilidade de se obter qualquer medida exata e precisa de qualquer coisa, porque o instrumento de medição interfere no objeto sendo medido alterando a acuidade da medição, como por exemplo, um termómetro precisa entrar em equilíbrio térmico para registar a medida, e ao fazer isto altera a temperatura do objeto medido.



Do mesmo modo, o investigador interfere nas medidas colhidas em uma pesquisa de opinião influenciando o viés bayesiano por causa de sua formação intelectual, suas crenças, a sua cultura como ficou claro no problema do sociólogo antropólogo Malinovsky no estudo para a interpretação de comportamento social dos habitantes nas culturas das Ilhas Trobliand.



O Problema da existência das coisas



Muitas cisas não podem ser vistas diretamente, como os átomos, os eletrões; outras nunca serão vistas, como a temperatura, o ar, o vento, a força; algumas podem ser apenas sentidas sem serem vistas; outras nunca serão sequer sentidas, como os fotões, o campo magnético, o tempo.

A pergunta mais inútil para um cientista é: existe?

A resposta à questão sobre a existência ou não é irrelevante, é apenas para a nossa convicção pessoal e psicológica, ou religiosa, ou filosofal.



Poderíamos estender este princípio da não coerência do problema da existência das coisas para outros sectores da vida pois nem tudo em que acreditamos poder existir pode ser visto ou mesmo comprovado directamente no universo por causa da dimensão temporal e da dimensão espacial, assim, para os nossos sentidos humanos e para as nossas crenças culturalmente são incognoscíveis os dois conceitos abstractos de eternidade (tempo infinito sem princípio e sem fim), e o infinito (aquilo que não se pode medir).

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