Roberto da Silva Rocha, professor universitário e cientista político
Capitalismo
Não é um texto sobre o capitalismo mas é um texto sobre o que as pessoas falam ser o capitalismo e o que não dizem que seja o capitalismo.
Capitalismo não nasceu em algum lugar ou em algum momento da História, não foi inventado e nem descoberto, nunca foi teorisado adequadamente, mas sofreu um grande impacto cultural depois que escritores e pensadores como os socialistas e pré socialistas como Rousseau começaram a se referir ao capitalismo como um sistema social, coisa que ele não é, e nunca foi, então o capitalismo foi criminalizado e estigmatizado por Heinrich Karl Marx como o sistema social-político-econômico e responsável pela infelicidade das pessoas e pelo mal da humanidade, embora seja um sistema monetário nem sequer o capitalismo é ou foi um sistema econômico ou um sistema social, nem muito menos uma ideologia.
Heinrich construiu um elenco sofístico sobre o capitalismo para poder desconstruí-lo e assim justificar uma série de anátemas e pseudos teoremas que reunidos formaram uma teoria e uma ideologia sobre o socialismo e sobre o comunismo como o paradoxo do capitalismo, para isso teve que fazer invicções teóricas e fazer um esquema estrutural-funcional sobre a sua leitura e narrativa sobre o sistema que chamou de capitalismo.
Porque o capitalismo não é um sistema social, nem político e nem econômico?
Sem fazer uma pesada revisão bibliográfica com está no livro que escrevi sobre o capitalismo, vou resumir esta afirmativa apenas citando as bases do capitalismo histórico.
Para substituir o sistema complexo de troca de bens e de serviços, desde a pré história muitas hipóteses precisam ser consideradas a priori: desde a invenção da escrita e da invenção de um sistema de contagem que está descrita na teoria dos números que pertence a uma das disciplinas ensinada aos alunos de Matemática.
Desde que concordemos que sem os números, sem a escrita e sem a Matemática não poderia existir o capitalismo fica mais fácil ir adiante em nossas especulações de onde surgiu o capitalismo.
Então, se imaginamos em uma ilha, ou em um arquipélago distante da civilização europeia, ou em uma tribo indígena imersa nas selvas amazônicas, as pessoas pescando, colhendo frutas e alimentos na sua pequena horta, ou se organizando para conseguir utensílios domésticos e ferramentas ou armas para caça, pergunta-se: de que maneira essa pequena comunidade organiza seu sistema de mercado de produtos e serviços?
Bem, o Potlach e o Kulla eram dois sistemas encontrados por um antropólogo nas ilhas Trobliand que intrigou por muitos anos, essas cerimônias obrigatórias para todos os cidadãos, que a cada lunação onde todos das aldeias compareciam, obrigatoriamente, na enorme feira para fazerem trocas, obrigatórias de objetos, e de mulheres, então: alguém fazia canoas, outro fazia panelas, outro fazia roupas e sapatos, e outro fazia machados, e todos eram obrigados a trocarem os seus produtos na cerimônia.
Numa tribo desconhecida da Amazônia os índios contavam até dois, eles conheciam no seu sistema numérico apenas dois algarismos: o algarismo 1 e o algarismo 2. Qualquer coisa acima disso era infinito!
O algarismo zero era desconhecido pelos europeus quando Américo Vespúcio chegou à América, e quando Vasco da Gama chegou às índias, então os indianos conheciam o algarismo zero assim como os Maias quando chegaram os europeus pela primeira vez no México!
Isto quer dizer que o caminho para a descoberta do sistema de números do sistema decimal posicional percorreu um longo caminho para ser estabelecido na civilização humana, nem sempre foi organizado de maneira prática com é hoje de forma posicional numa escala de potência de dez, existiram regras para contagem de seis em seis unidades, múltiplos de sessenta, e de doze, atualmente, excetuando-se os EUA e a Grã Bretanha, com seus complicados sistemas de polegadas, galões, pés, milhas, nós, pence, libras, todo o mundo adota o sistema decimal de medidas e de números.
Então, o capitalismo precisou acompanhar a descoberta dos números, da invenção das operações algébricas, soma, subtração, divisão, potência, a radiciação, as equações algébricas para apoiar a maior descoberta da economia que foi a partida dobrada da ciência da contabilidade, na Renascença, então, a partir dessas bases podemos juntar a isso a criação da administração burocrática já conhecida na China e que chegou ao Ocidente, para falarmos que finalmente temos um sistema capitalista bem desenvolvido.
Desde que os sistemas de organização social e político foram sendo substituídos: desde as tribos, para os impérios, para pela primeira vez experimentar o trabalho escravo, e o trabalho servil, e depois o trabalho assalariado pago com sal, ou com moedas de ouro que valiam o seu peso, um sistema de contagem de coisas e de trocas precisava de uma referência padronizada.
Daí para a escolha de algo que poderia ser trocado entre as pessoas que não fosse uma troca de uma canoa por um machado, a moeda de ouro e prata, e bronze eram suficientes, de modo geral.
Não dava para falsificar uma moeda porque não era o valor gravado nela mas era pelo o seu peso, então as moedas não passavam de uma troca de produtos e mercadoria em si.
Quanto esforço e quanto tempo se passou para que as pessoas aceitassem um papel manchado escrito que naquele pedaço de papel se poderia substituir uma moeda de prata? Você faz ideia porque uma pessoa deveria aceitar um pedaço de papel em troca de uma canoa, ou de um machado, ou de uma casa, ou de um rebanho de gado, esse papel chamado dinheiro?
Nem faço ideia como as pessoas foram se acostumando a aceitar um pedaço de papel escrito um número que era substituto do sistema de trocas de moedas de ouro.
Então, o capitalismo, descrito por Karl Marx como sistema organizador das forças sociais e das ideologia e do Estado é tão responsável pela pobreza das pessoas no capitalismo como o mar é o responsável pelas guerras travadas nos mares pelos navios de guerras!
O capital é apenas uma convenção financeira para facilitar as trocas de valores, o capital não é um valor em si, é apenas um contrato que pode ser rompido por acidente e quando isso ocorre acontece a inflação ou a estagflação desorganizando tudo, porque confiamos no dinheiro papel, mas muitas pessoas e instituições podem e fazem suas reservas não apenas em dinheiro, mas em outros capitais com em: ouro, prata, títulos de propriedades, patentes, armas, conhecimento, e culpar o capitalismo pelas desigualdades sociais não passa de ignorância histórica e desconhecimento dos mecanismo do mercado financeiro.